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COMO HARMONIZAR OS RESULTADOS E INTERESSES DA PECUÁRIA TOCANTINENSE

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No início e isso já são levados em consideração alguns anos, a abertura de uma nova fronteira agropecuária, era como a Terra Prometida por Moisés.

Tudo era novidade. Os preços eram super atrativos, para se adquirirem centenas e centenas de hectares.

Esse cenário atraiu vários agricultores que vislumbravam um futuro melhor. Que nas suas condições atuais de vida, já não lhes era conveniente, tanto a nível familiar, como econômica e financeira em que viviam, não encontravam solução a curto e nem a médio prazo, para esse tipo problema.

Analisando à época com a realização da venda de um hectare, na região sul e sudeste, se apresentava a oportunidade de compra de até 100 hectares de Cerrado Bruto.

Se apresentava uma nova situação social.

Nessa região, onde os conflitos eram frequentes, promovidos por movimentos ideológicos e sociais, a insegurança era uma constante.

A realização desse ativo resultaria em alguns fatores que até então não se levava em consideração. A primeira foi a concentração fundiária. A medida que se realizavam as negociações, ocorria um aumento de área circunvizinha, de parte do comprador. Outra resultante se fez presente, o êxodo rural, que não para os centros urbanos, mas sim para outros regiões com maiores possibilidades de melhoria de qualidade financeira, econômica e de vida familiar. Essa fato provocou um esvaziamento populacional nessas regiões, com forte impacto social e econômico.

Aliado a essas situações, surge então o novo colonizador.

Famílias iniciam a marcha pra o Centro-Oeste. Centenas de agricultores passam a enfrentar uma situação até então desconhecida em termos ambientais, culturais, técnicos e sociais.

Muda-se o cenário. Novos atores se fazem presentes.

E então começa a exploração do Cerrado. Sem a mínima orientação técnica. Sem o mínimo conhecimento e cuidado ambiental. Sistemas ecológicos seculares foram destruídos. Veredas e veredas assoreadas, quando não destruídas. Fauna e flora praticamente à beira da extinção.

Mas…esse era o preço a ser pago, para uma Nova Terra Prometida.

E então um dos componentes a ser destacado, surge como desbravador produtivo:

A PECUÁRIA BOVINA DE CORTE.

O capim era nativo. Não existia mais temperaturas abaixo de zero. O Sol era uma constante. O solo ainda virgem respondia ao plantio de gramíneas nativas e até exóticas ao meio. O terreno plano. A derrubada do Cerrado, diferia à da derrubada da Mata Atlântica, onde maciço florestais de porte, com Peroba, Angico, Grápia, Pinheiros Araucária. O sistema de derrubada nesse cenário exigia a presença do machado, da moto serra mais recente. No cenário atual o uso de correntões e tratores, arrancavam milhares de árvores de médio porte e de diâmetros pequenos.

A seguir então optava-se por duas situações. A primeira com o plantio do arroz, como cultura desbravadora. E logo a seguir o lançamento à mão de sementes nativas e ou exóticas.

E então … o milagre. Pasto verde. Abundante (resto da adubação do arroz) vicejava. Pasto formado. Todo cercado. Curral sendo construído. Escolha da raça que melhor se adaptava ao clima e solo. Tudo diferente.  Dificuldades? Sempre existiriam e seriam resolvidas.

E a Pecuária Bovina de Corte, definitivamente se estabelece no Cerrado e no caso em tela, no Tocantins. E com o passar essa atividade se apresenta como EXTRATIVISTA. Qual seja, só se extraí. Nada se repõe. Anos a fio o gado pasteja um alimento gramíneo que aos poucos vai perdendo o seu poder nutricional, em consequência do constante esgotamento, que já era pequeno e diminuto, passa agora ser quase imperceptível, com reações funestas para o meio ambiente, para o gado que dela se alimenta (as pastagens) e para o pecuarista, que ou não se dá conta do acontecido ou não quer repor (investimento de NPK mais Calcário) entendendo que a Natureza ira solucionar. Um fogo a cada ano e o pasto verde se faz presente.

A segunda. Quase que um milagre se concretiza no manejo correto das pastagens. Mas então pergunta-se:

O QUE É MANEJO CORRETO DAS PASTAGENS?

Primeiro vamos entender que nesse caso estamos diante de uma situação no mínimo conflitante. Os bovinos necessitam das folhas das gramíneas, para se alimentarem e produzirem arrobas de carne. Por sua vez as gramíneas necessitam de produzir folhas para serem pastejadas pelos bovinos, que transformarão as folhas em arrobas de carne.

Respondendo: “O manejo da pastagem e do pastejo é a somatória de intervenções que visa a obtenção de maior quantidade de leite e carne por área, sem prejudicar o desenvolvimento da forrageira (capim) e a qualidade do solo.”

(Fonte: https://www.sementesguinossi.com.br/blog/pastagem/manejo-de-pastagem-conheca-mais-sobre-essa-pratica/11

 

E no decorrer de todos esses anos, novas áreas foram abertas novas áreas destinadas ao pastoreio do gado. Novas tecnologias foram desenvolvidas, advindas das pesquisas, tanto da iniciativa privada como governamental. Pesquisas que foram direcionadas para se obter uma melhor taxa de desfrute. (Taxa de Desfrute, pode ser entendida como sendo a diferença em unidades animais ou em arrobas, no início de uma atividade, e a finalização desta. Um rebanho de gado de corte – matrizes – inicia o ano pecuário com 200 matrizes bovinas e encerra após 12 meses, com 230 matrizes. Taxa de Desfrute positiva de 30 futuras matrizes, produzidas na e pela propriedade).

Novas raças foram sendo introduzidas e então busca-se a harmonização do meio ambiente para com o animal?

Ou novas raças foram sendo introduzidas e então busca-se uma harmonização do animal para com o meio ambiente?

Em geral a segunda resposta. Dificilmente teremos touros de raças britânicas e continentais à campo.

No momento a busca por animal bem terminado, passaria a exigir uma alimentação mais barata e eficaz. E tal se consegue com um excelente manejo das pastagens. Sempre lembrando o ditado popular: O boi engorda com o olho do dono.  Mas só o “olho” não resolve nada. Uma excelente pastagem, manejo correto, rotação de pastagens, combate à ervas invasoras, calagem e adubação periódica, combate a cupinzeiros, administração das águas das chuvas seriam algumas situações que muitas das vezes, passam despercebidas, redundando em prejuízo quase que certo.

No momento o Tocantins deve apresentar um rebanho bovino, na faixa de 8 a 8,5 milhões de cabeças, que de certa forma se harmonizam com o nosso meio ambiente, nosso manejo cada vez melhor, com um perfil sanitário excelente e caminhando a passos largos para recuperação de pastagens.

Ao mesmo tempo que novas variedades de capim, são apresentadas, como a variedade anã, BRS Kurumi, pode servir de pastoreio animal, com limite de saída dos animais de 40 centímetros de altura, mas também pode ser cortada e colocada diretamente no cocho dos animais. A mesma pode servir de material para silagem, sendo fonte de alimentação proteica no inverno”. (Fonte: https://www.agraer.ms.gov.br/agraer-distribui-duas-novas-variedades-de-capim-para-melhoria-do-rebanho/)

Finalizando, harmonizar resultados e interesses comuns, em pecuária bovina de corte e pecuária bovina de leite, não é uma tarefa fácil. Mas não de todo impossível. Hoje a pecuária tocantinense se destaca entre as 10 maiores do Brasil.

O que equivale afirmar que no momento estamos produzindo mais arrobas, por hectare, que estamos obtendo ótimas taxas de desfrute, e, que nada seria possível se não houvesse uma plena harmonização de interesses.

Médico Veterinário Romão Miranda Vidal

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