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Chegou a hora de preparar a pastagem: roteiro para que o produtor saiba quando deve recuperar ou reformar, suas pastagens

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Com o fim do período seco e início das chuvas, os produtores estão iniciando a fase de preparação de suas pastagens, seja para formar novas áreas, reformar ou recuperar. Mas, neste momento, que cuidados iniciais devem ser tomados para que se forme uma boa pastagem? Para formar novas áreas ou reforma, como primeiro passo o produtor deve retirar uma amostra de solo e enviar para um laboratório que efetue as análises necessárias para se fazer a correção da acidez do solo (calagem), adubação de plantio (adubos fosfatados) e adubação de cobertura (Nitrogênio e Potássio).

O segundo passo é preparar o solo, tanto no sistema convencional como no de plantio direto”. Se no sistema convencional é necessário “eliminar a vegetação existente através de gradagens (pesada), aração (disco ou aiveca) e gradagem (leve)” e, se no sistema de plantio direto, “eliminar a vegetação existente através da aplicação de herbicidas — um ou vários produtos herbicidas combinados, dependendo de quais plantas existem na área”.

O terceiro passo é aplicar o calcário se necessário (no sistema convencional, deve ser incorporado com grade ou arado e no sistema de plantio direto deve apenas ser aplicado sobre a vegetação morta sem a necessidade de incorporar). O quarto passo aplicar o fertilizante.

Para recuperação de pastagens, se a área está formada e apenas precisa de manutenção, o produtor deve repetir o primeiro, terceiro e quarto passos, em todos os sistemas (convencional ou plantio direto) da mesma forma que empregado o plantio direto.

Início antecipado

Muitos produtores têm vontade de, começando as chuvas, já iniciar o plantio da forrageira. Sabe-se, entretanto, que não é só a umidade que determina a germinação das sementes. Diversos fatores influem no processo, aos quais o produtor deve estar atento. Por exemplo, não é recomendável fazer o plantio logo no início da estação chuvosa, já que “o período seco pode ter sido muito prolongado e as primeiras chuvas não serem suficientes para que o solo tenha uma boa reserva caso aconteça um veranico — período sem chuva dentro da estação chuvosa do ano que pode ser de 15 a 20 dias — e as sementes, tendo iniciado o processo de germinação, se faltar umidade, as mesmas podem morrer, perdendo desse modo todo plantio”.Outro problema, muito comum de acontecer quando se faz o plantio no início das chuvas, é a incidência com maior freqüência de chuvas torrenciais (volume alto) que podem aprofundar as sementes no solo, impedindo sua germinação satisfatória. É sempre bom lembrar que, para uma semente germinar satisfatoriamente é necessário que três condições climáticas estejam acontecendo ao mesmo tempo: temperatura, luminosidade e umidade.

A escolha das sementes e a maneira correta de utilizá-las é um cuidado que todo produtor deve levar em consideração. O mercado oferece atualmente uma grande quantidade de espécies/cultivares e variedades. Esse grande volume de oferta é justamente devido ao País apresentar condições edafoclimáticas muito diferentes, necessitando de espécies/cultivares que se adaptem a elas. E, se não bastasse isso, o Brasil tem também níveis de manejo bem diferenciados quanto à fertilização do solo, utilização, qual espécie animal ou categoria irá consumir essa pastagem, etc. Então, no momento de escolha da espécie ou cultivar a ser implantado, recomenda-se ao produtor levar sempre em consideração os fatores que limitam a sua produção e qual a finalidade dessa pastagem, pois a espécie ou cultivar que se adaptar melhor a esses fatores é a que deve ser escolhida. Como os fatores limitantes, estão a fertilidade do solo, tipo de solo (argiloso, arenoso, etc), topografia do terreno, grau de drenagem, ataque de insetos e doenças, espécie e categoria animal, tipo de manejo e utilização.

Retorno do investimento

O investimento feito pelos produtores na formação do pasto, quando ele faz a opção pela qualidade, é sempre um investimento mais alto. Mas, se o produtor adquire uma semente de qualidade, com tecnologia diferenciada, está optando em não correr risco, pela segurança, por ter um stand de plantas dentro do adequado para uma boa formação e bom fechamento do solo, que essas plantas apresentam alto vigor que, por conseqüência, irão possibilitar uma entrada antecipada dos animais na área, maior produção de massa (MS – matéria seca) por hectare, risco quase zero de levar junto a essa semente pragas e doenças que podem futuramente inviabilizar outros cultivos e, principalmente, que venham a aumentar os custos de produção. Se o produtor tiver uma planta que irá produzir mais por hectare, consequentemente, terá maior produção por hectare seja ela de carne, leite ou bezerros, dependendo da atividade. Se pensarmos em todos os benefícios que essa tecnologia traz, com certeza essa semente apresenta investimento menor que as sementes piratas ou de baixa qualidade. Mas é importante advertir que é preciso prestar muita atenção aos materiais com os quais as sementes serão revestidas, pois o material de revestimento, se não for de boa procedência, pode afetar negativamente a germinação das sementes.

Planejamento forrageiro

Em função da sazonalidade de nosso clima, o planejamento forrageiro tem sido a principal ferramenta para evitar o prejuízo. Sabe-se, também, que é na estação das águas que se planeja o período seco. Quando entramos na estação chuvosa, muitas vezes nos esquecemos dos apuros passados no período que a antecedeu. Para se prevenir que o período seco cause prejuízos e o produtor passe aperto, recomenda-se como ideal o planejamento da reforma de pastagens degradadas, da recuperação daquelas onde se tem um bom stand de plantas, efetuando o controle de ervas daninhas, a aplicação de corretivos (calcário), a adubação fosfatada e a adubação com nitrogênio e potássio, para que as plantas tenham condições de se desenvolver bem e produzir muita forragem.

Recomenda-se, também, ter os pastos bem divididos em sistema rotacionado, respeitando sempre a altura de entrada e saída dos animais, para que a planta possa se reestabelecer rapidamente. Também é importante ter na propriedade mais de uma espécie/cultivar forrageira que possam ser bem explorados no período chuvoso e espécies que tanto podem ser exploradas no período chuvoso, mais principalmente podem ser diferidas para servirem de reserva no período seco do ano (feno em pé). Outra alternativa é ter uma área reservada para cama, que poderá ser utilizada na forma de silagem ou servida picada in natura. E ter também, se for o caso, uma área com espécies próprias para se efetuar a prática da produção de feno.

 

Box 1: Nove passos para fazer uma boa recuperação de pastagem

 

Estamos no período ideal para realizar a recuperação ou reforma na pastagem

 

Atualmente estima-se que cerca de 130 milhões de hectares de pastagens no Brasil estejam em diferentes níveis de degradação, e a reforma ou a recuperação dessas áreas é uma grande oportunidade de o produtor aliar as boas práticas de manejo com a sustentabilidade na pecuária. Entretanto, embora fale-se muito no assunto, e o tema até foi discutido durante a Cop26, que acaba de acontecer em  Glasgow, Escócia, recuperar uma pastagem não é algo tão simples de se fazer e exige organização e profissionalismo para que se alcance o resultado almejado. Para auxiliar a sanar algumas das principais dúvidas sobre essa prática, os técnicos do Grupo Matsuda dividiram o tema em nove passos, que, se executados ao pé-da-letra, pelos produtores pecuaristas, irão garantir o sucesso da iniciativa, em suas propriedades. Confira:

Primeiro Passo: Para recuperar uma área de pastagem o primeiro passo é coletar amostra de solo, seguindo os critérios agronômicos de amostragem. Antes de iniciar a coleta da amostra de solo deve-se fazer um planejamento que inclua: a) uma análise visual da área, b) um croqui do local de amostragem, separando a área em glebas. A coleta das amostras deve ser em zig-zag, retirando-se pequenos punhados de terra, de vários pontos da área que se deseja reformar, colocando-se em um recipiente limpo e podendo ser em várias profundidades, sendo as mais comum de 0 – 20 e de 20 – 40 cm. Essas amostras após ser coletadas devem ser coletadas em recipientes, caso coleta em profundidade diferentes as mesmas devem ser separadas, após o termino de amostragem, deverá homogeneizar o solo e retirar uma quantidade mínima de 500 gr para ser enviada ao laboratório. Para envio do laboratório algumas informações devem conter na amostra tais como: nome da propriedade, nome do proprietário, profundidade coletada, cultura existente e cultura a se implantada. Deve-se evitar coletar amostras de solo próximo a fezes de animais, cupim e trieiro de animais.

 

Segundo Passo: avaliar o nível de compactação do solo, podendo fazer de forma direta, com o uso de um penetrômetro ou, indireta, com um canivete.  Com o uso de canivete deve-se fazer uma trincheira no solo na profundidade de 60 cm e, com uma trena, marcar camadas do solo de 10 em 10 cm e,  entre essas camadas,  perfurar o solo com o canivete fazendo uma pequena pressão; em algum momento, se perceber certa resistência do equipamento no solo, marcar essa profundidade que está apresentando essa resistência e, dependendo da profundidade compactada, poderá adotar-se manejos de solo para descompactação, o uso de escarificador ou subsolador de solo.

Terceiro passo: fazer a calagem e gessagem. Conforme o resultado da análise de solo o técnico irá verificar a necessidade. A calagem tem diversas funções, entre as quais fornecer cálcio e magnésio como nutrientes, aumentar a disponibilidade de fósforo e molibdênio, neutralizar ou reduzir os efeitos tóxicos do Al³ (Alumínio).  Nesse momento verificar altura da pastagem, para evitar efeito “guarda chuva”.O gesso agrícola pode ser utilizado nas pastagens, visando a melhorar o ambiente da subsuperfície do solo, ou seja, um condicionador de solo (mais recomendado para espécies exigentes e muito exigentes) ou como fonte de enxofre (recomendado para todas as espécies), fornecendo ainda o cálcio tem um papel muito importante para as plantas, pois é encontrado em aminoácidos, componentes de algumas proteínas.

Quarto passo: fazer controle de ervas daninhas, podendo ser químico ou manual.

Quinto passo: manutenção de curvas de nível e controle de erosão

Sexto passo: fazer aplicação de adubos (N – P – K), Nitrogênio, Fósforo e Potássio. Deve ter certa atenção no uso desses insumos, eles devem ser aplicados com o solo úmido, e a pastagem deverá ter certa quantidade de resíduo para o melhor aproveitamento dos adubos. O fósforo é o elemento mais importante para o estabelecimento e manutenção da pastagem. Esse nutriente tem grande influência no crescimento das raízes, no perfilhamento e na persistência da pastagem. O nitrogênio é o principal constituinte de proteína, as quais participam ativamente na síntese de compostos orgânicos que formam a estrutura vegetal. É o elemento que atua no tamanho das folhas, colmo, no desenvolvimento de perfilho e na qualidade de forragem produzida. Quando deficiente nas plantas leva a pastagem à degradação. O potássio também é muito importante para a planta, onde atua na ativação de enzimas, melhora a translocação de carboidratos produzido nas folhas e melhora a eficiência do uso da água pelas plantas.

Sétimo passo: vedar a pastagem até o capim atingir o ponto ideal de pastejo, sendo que neste período deverá  fazer a manutenção em cercas, cocho, bebedouro e divisão de pastagem.

Oitavo passo: fazer uma estimativa de produção de forragem, coletando em vários pontos amostra de capim em uma área de um metro quadrado, para ajuste de taxa de lotação.  Amostra de forragem deve ser coletada na altura de manejo podendo ser levada ao laboratório para determinar a matéria seca ou ser estimada na propriedade com uso de microondas.

E por fim o nono passo e último passo é iniciar o pastejo, respeitando a entrada e saída dos animais no piquete conforme a espécie e cultivar forrageira estabelecida.

Box 2: Reforma de pastagem:

16 passos para alcançar o sucesso

 

Diferente da recuperação de pastagem, a reforma é a troca completa da espécie forrageira cultivada. O período de reformar a pastagem é nas chuvas, até meados do mês de janeiro, e o produtor que está pensando em formar pasto tem que, primeiro, escolher a espécie forrageira e seguir os seguintes passos.

Primeiro passo: antes de iniciarmos a reforma de pastagem devemos coletar amostra de solo, seguindo o mesmo critério mencionado na recuperação de pastagem.

Segundo passo:  conforme o tipo de vegetação e ervas daninhas, poderá fazer uso de herbicidas dessecando em área total, para iniciar o preparo de solo, ou seguir direto com preparo de solo convencional dependendo das condições de terreno, vegetação e tipo de solo.

Terceiro passo: conforme a declividade da área, fazer a conservação do solo, sendo ela por terraço ou curvas embutidas.

Quarto passo: fazer aplicação do calcário e gesso, conforme resultado da análise de solo e escolher a espécie da cultivar a ser estabelecida.

Quinto passo: incorporar o calcário e gesso no solo junto com a cultura existente. Ideal verificar o nível de compactação, para a tomada de decisão, qual equipamento ideal a ser adotado no processo de incorporação, podendo ser Arado Aiveca ou Grade Pesada.

Sexto passo: deixar a área repousar por 7 a 10 dias, para que resto de cultura possa se decompor no solo, lembrando que para se ter um bom rendimento e um bom preparo de solo essas operações devem ser feitas durante o período chuvoso.

Sétimo passo muitas vezes vamos encontrar torrões e materiais palhosos ainda em decomposição. Quando isso acontecer, o  ideal é passar mais uma mão de grade pesada.

Oitavo passo, deixar o solo descansar por 7 a 15 dias e passar a grade niveladora, destorroando e nivelando o terreno preparando-o para o plantio.

Nono passo: antes de passar a segunda mão de grade niveladora para o plantio, fazer aplicação do fósforo sobre o solo e depois nivelar, para incorporar o insumo e deixar o solo preparado para o plantio. Talvez em solos argilosos, possa ser necessário passar a terceira mão de grade niveladora, pois esses solos são mais difíceis de destorroar.

Décimo passo: fazer o plantio, podendo ser a lanço, linha ou aéreo.

Décimo primeiro passo:  caso o plantio seja a lanço ou aéreo deverá fazer a incorporação das sementes no solo, geralmente com uso de rolo compactador. A profundidade ideal de incorporação das sementes forrageiras é de 1 a 2 cm de profundidade. A melhor época de plantio vai depender de cada região, recomendando-se  que o plantio seja feito quando as chuvas de cada região normalizarem.  Para que as sementes forrageiras possam germinar quatro são os fatores essenciais, como temperatura, umidade, luminosidade e oxigênio no solo.

Décimo segundo passo: nesse período de germinação das forrageiras e o desenvolvimento das plantas, o produtor deve ter uma atenção maior, devendo visitar a área de plantio diariamente, para verificar se está sofrendo ataques de insetos ou infestação de plantas invasoras. Deverá consultar um técnico para que possa melhor orientá-lo no manejo desse estágio tão delicado do estabelecimento da pastagem. É i8mportante que o produtor,  nesse período, aproveite para  fazer manutenção das cercas, divisão de pastagem, manutenção em bebedouros e do cocho de sal.

Décimo terceiro passo:  simulação de pastejo: para o início do pastejo desta forragem recém estabelecida, recomendamos testar a pastagem com cerca de 60 dias após a germinação. O teste consiste em tentar retirar as folhas com as mãos, tal qual um bovino. Se as folhas romperem ao serem puxadas o pastejo pode ser feito. Caso a planta seja retirada com as raízes, recomendamos se aguardar um pouco mais o seu desenvolvimento.

Décimo quarto passo: fazer coleta de amostra de capim para estimar a produção de forragem e ajustar a taxa de lotação dos animais.

Décimo quinto passo – fazer o primeiro pastejo, respeitando a entrada e saída dos animais conforme a espécie e cultivar forrageira.

Décimo sexto passo: – fazer adubação de cobertura (N e K), Nitrogênio e Potássio, lembrando que o solo deve estar úmido.

 

Por:

*Gilson de Oliveira, engenheiro agrônomo do Departamento Técnico de Sementes  do Grupo Matsuda.

*Pedro Henrique Lopes Lorençoni engenheiro agrônomo e responsável pelo laboratório de controle de qualidade do Grupo Matsuda.

*Marcelo Ronaldo Vila engenheiro agrônomo, do Depto. Técnico de Sementes do Grupo Matsuda

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