FMI prevê que economia brasileira deve despencar 5,3% em 2020
A economia do Brasil deve contrair 5,3% este ano, em linha com a retração esperada para a América Latina, uma vez que a pandemia de coronavírus pressiona a atividade global, de acordo com as perspectivas do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas nesta terça-feira.
O relatório Perspectiva Econômica Global do FMI se concentra basicamente nas consequências provocadas pelo surto de coronavírus em todo o mundo, que levou a isolamentos e fechamentos de indústrias e empresas globalmente, afetando tanto produção quanto demanda.
A perspectiva de contração de 5,3% para o Brasil representa uma forte revisão contra apenas alguns meses antes –em janeiro, a projeção era de crescimento de 2,2% em 2020.
Confirmado esse número, será o pior resultado anual para o PIB de toda a série histórica disponibilizada pelo Banco Central e que compila dados do IBGE, a partir de 1962.
A economia do Brasil deve se recuperar em 2021, com expansão de 2,9%, em dado 0,6 ponto percentual acima do que era previsto anteriormente.
O cenário para o Brasil fica em linha com aquele esperado tanto para a América Latina e Caribe quanto para América do Sul.
A América Latina deve encolher 5,2% este ano e se recuperar parcialmente em 2021, com alta de 3,4%, segundo as contas do FMI. A América do Sul, por sua vez, deve diminuir 5% agora e expandir 3,4% no próximo ano.
Considerando a América Latina, contrações mais fortes devem ser registradas este ano por Venezuela (-15,0%), Argentina (-5,7%) e Equador (-6,3%), além de México (-6,6%).
“Como as consequências econômicas refletem choques particularmente intensos em setores específicos, as autoridades precisarão implementar substanciais e direcionadas medidas fiscais, monetárias e para o mercado financeiro a fim de sustentarem famílias e empresas afetadas”, destacou o FMI no relatório.
Além do choque de produção e da incerteza no cenário provocado pelo coronavírus, o FMI alertou ainda que, desta vez, estimular a atividade como seria de praxe em crises normais através da demanda agregada é algo mais desafiador, dado que a crise agora é consequência da necessidade de medidas de contenção.
A taxa de desemprego no Brasil deve disparar a 14,7% em 2020 e cair a 13,5% em 2021, segundo o FMI, enquanto os preços ao consumidor devem subir respectivamente 3,6% e 3,3%.