Tocantins em alerta: furto de gado e roubo de defensivos desafiam produtores e autoridades

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O Tocantins vive uma escalada de insegurança no campo. O que antes parecia caso isolado se transformou em um problema estrutural: o furto de gado e o roubo de defensivos agrícolas. Essa realidade tem colocado produtores em constante estado de alerta, aumentando custos, comprometendo a produção e alimentando um clima de medo que mina a confiança no poder público.

Os casos se multiplicam. No último dia 26, criminosos do Tocantins furtaram cerca de 200 bezerros de uma fazenda em São Miguel do Araguaia (GO). Há também o exemplo de Alvorada, onde um ladrão preso por furto foi solto e, poucos dias depois, flagrado novamente no mesmo crime. Situações como essas revelam um ciclo de impunidade que enfraquece o trabalho policial e expõe ainda mais o produtor.

Mas o gado já não é a única vítima. Os criminosos também miram insumos estratégicos, como os defensivos agrícolas. E o momento não poderia ser mais crítico: com o início da safra 2025/2026, cresce a demanda por defensivos, e junto com ela a ação de quadrilhas especializadas. Em abril deste ano, a Polícia Civil deflagrou a Operação Evolution, desarticulando uma organização criminosa que havia roubado quase R$ 900 mil em defensivos nas cidades de Porto Nacional, Monte do Carmo, Silvanópolis e Palmas. O esquema envolvia logística, transporte especializado e até locais de “armazenamento” para revenda ilegal. Em outro episódio, assaltantes renderam trabalhadores rurais e levaram caminhão e carga inteira de defensivos, mostrando que o crime organizado se estrutura para explorar todas as fragilidades do campo.

Esses crimes trazem prejuízos que vão muito além do patrimônio. No caso dos defensivos, a perda significa muitas vezes a inviabilidade da safra: o produtor não pode simplesmente esperar, pois o ciclo produtivo exige a aplicação de insumos em prazos rígidos. Já no caso do gado, o risco ultrapassa o financeiro e atinge a segurança física. Quem trabalha no campo convive com o medo real de que um furto se transforme em confronto, com risco de morte para famílias inteiras.

Produzir no Brasil já é caro e arriscado. São custos elevados com insumos, combustível e mão de obra. Quando, além disso, o produtor precisa arcar com cercas elétricas, câmeras, rastreadores e vigilância particular, o peso se torna quase insustentável. O campo, que cumpre rigorosamente sua função socioambiental, não pode ser abandonado à própria sorte quando o assunto é segurança.

O Tocantins precisa reagir. O furto de gado e o roubo de defensivos não são apenas problemas do produtor, mas ataques diretos à economia, à segurança alimentar e à credibilidade do Estado. É preciso inteligência, integração entre polícias, rastreamento de cargas e punição exemplar.

Convoco aqui o governador do Estado, o comandante-geral da Polícia Militar e as demais autoridades competentes para que este tema seja tratado como prioridade absoluta. Não se trata de pedir favor, mas de exigir o básico: segurança para trabalhar. Se nada for feito, a criminalidade rural continuará crescendo, drenando riqueza, força produtiva, espalhando medo e afastando investimentos. O produtor não aguenta mais viver refém da omissão estatal. É hora de agir.

 

Hidekazu Souza de Oliveira é advogado especialista em direito agrário e  ambiental

@hidekazu.adv

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