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Roberto Azevêdo diz que deixa direção da OMC para evitar mais caos

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Roberto Azevêdo disse que sua decisão de deixar a Organização Mundial do Comércio um ano antes é a melhor maneira de evitar mais caos na aliança, já abalada por ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelo início da recessão global.

“Estou saindo porque, francamente, acho que é a melhor coisa para mim, para minha família e para a organização”, disse Azevêdo, diretor-geral da OMC, em entrevista por telefone à Bloomberg News na quinta-feira, acrescentando que o tempo foi um fator importante na decisão. “Não estamos fazendo nada agora. Não há negociações, está tudo parado. Não há nada acontecendo em termos de trabalho normal.”

A saída de Azevêdo antes do planejado, em setembro de 2021, chega em um momento delicado para a OMC: o comércio global deve encolher para mínimas históricas e projeções apontam a pior retração econômica desde a Grande Depressão. Uma das principais funções da organização com sede em Genebra, arbitrar disputas comerciais, também foi restringida pelos EUA no ano passado.

Azevêdo, de 62 anos, disse que seria melhor renunciar antes a fim de evitar uma situação em que o processo de seleção de seu sucessor ofuscasse a próxima conferência ministerial da OMC.

Processo de sucessão

Embora a OMC ainda não tenha marcado uma data para a próxima reunião bienal, Azevêdo disse que, se ocorrer em junho de 2021, os preparativos seriam “completamente destruídos” pelo processo de sucessão.

Ele disse que isso “mataria” a reunião, que “é uma peça muito crítica para o processo de reforma da OMC e para o futuro da organização”.

E, embora as operações da OMC estejam paralisadas devido à pandemia, a organização já enfrentava dificuldades. O sistema de solução de controvérsias da OMC foi prejudicado no ano passado, depois que os EUA bloquearam todos os indicados ao órgão de apelação e membros da OMC não conseguiram concluir uma negociação comercial multilateral em meia década.

Azevêdo reconhece que sua partida repentina poderia reforçar a narrativa de uma OMC quebrada e ineficaz.

“Pode contribuir para isso”, disse. “Mas, basicamente não é verdade. Se eu ficar, o vírus desaparecerá? O vírus não desaparecerá. Se eu ficar, os EUA e a China, de repente, vão apertar as mãos e dizer: ‘OK, deixemos o passado ser passado’? Não, isso não vai acontecer. Nada vai mudar se eu ficar.”

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