A proporção de brasileiros com dívidas a vencer alcançou 75,6% em novembro, alta de 1 ponto percentual (p.p.) em relação a outubro e de 9,6 p.p. ante novembro do ano passado, segundo os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta segunda-feira, 29, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Foi o 12º mês seguido de alta, renovando o nível recorde, mas, em novembro, houve o primeiro aumento da inadimplência em oito meses, com destaque para os consumidores de baixa renda.
Entre os endividados, 26,1% relataram ter dívidas vencidas, incluindo contas de consumo, como eletricidade, água, entre outras, número 0,5 p.p. acima do registrado em outubro e 0,4 p.p. superior ao visto em novembro de 2020. A parcela que declarou não ter condições de pagar suas dívidas ou contas em atraso e, portanto, “continuará inadimplente”, segundo a CNC, permaneceu estável, registrando 10,1%, queda de 1,4 p.p. na comparação com o mesmo mês de 2020.
Em nota, a CNC observou que, “mesmo com os juros maiores”, as concessões de crédito com recursos livres para pessoas físicas seguem aumentando — segundo os dados do Banco Central (Bacen), outubro registrou crescimento real de 3,3%. Para a entidade, a alta de juros empreendida pelo BC desde março, “na tentativa de ancorar melhor as expectativas inflacionárias futuras”, ainda “não foi suficiente para abrandar a dinâmica do endividamento”. “O crédito segue sendo a saída do brasileiro para recompor a renda”, diz a nota.
Tanto que o uso do crédito é mais relevante entre as famílias com rendimento de até dez salários-mínimos. De outubro para novembro, o percentual de endividados nessa faixa de renda saltou de 75,9% para 77,0%, ante 67,9% em novembro de 2020. “Para esse grupo em especial, a inflação corrente ao consumidor girando próxima a 11% ao ano acirra o orçamento familiar e aumenta a necessidade do crédito para organizar as despesas”, diz a nota da CNC.