A energia solar já é uma realidade em mais de 37 mil estabelecimentos rurais no Brasil, como alternativa à compra de energia diretamente das distribuidoras e também tem se tornado uma fonte para a redução de custos e melhoria da qualidade da energia para produtores rurais.
É o caso de Ana Lúcia e Reginaldo Rezende, que investiram em um sistema de geração na propriedade deles, em Cocalzinho de Goiás. Com quatro painéis e seis baterias, o casal melhorou a qualidade de vida da família e da produção de aves.
“A gente pega a luz solar, acende todas as lâmpadas e no final a nossa conta de luz vem, muitas vezes, zerada. Não gastamos a energia que vem da rua porque a solar nos supre em tudo dentro de casa”, afirmou Ana Lúcia.
O casal fez o curso Produção de Energia Solar oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) de Goiás, que ensina como funciona o passo a passo para a instalação.
Na produção de aves, Reginaldo Rezende explica que a energia renovável mantem a produção de ovos e ajuda no manejo dos pintinhos depois que eles saem da chocadeira.
“Quando eles saem eles precisam de aquecimento porque não tem mais a mãe, então usamos a luz. E durante o crescimento também colocamos uma placa solar no galinheiro.”
A geração de energia solar por micro e minigeração distribuída é tema de um projeto de lei que está em andamento no Congresso Nacional, que visa à construção de um marco regulatório para essa modalidade de geração de energia.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) tem trabalhado para que a lei seja aprovada e defina regras para melhorar a qualidade energética de pequenos produtores rurais e traga segurança jurídica para o setor.
“É comum vermos notícias de interrupção de energia que traz prejuízos imensuráveis para os produtores rurais. Principalmente de leite, aves e suínos, acarretando até na morte de animais e desperdício da produção”, afirmou Maciel Silva, coordenador de Produção Agrícola da CNA.
De acordo com a proposta, os micro e minigeradores vão pagar a tarifa somente sobre os excedentes.
No entanto, os produtores que tiverem interesse, mas ainda não instalaram uma unidade de geração, terão o prazo de 12 meses após a publicação da lei para aproveitar os mesmos benefícios atuais até 2045. Para quem entrar no sistema depois de um ano pagarão tarifas sobre o excedente de energia seguindo a regra de transição proposta no Projeto de Lei.
Segundo Silva, a nova legislação, se aprovada, também contribuirá com a matriz energética nacional, reduzindo o uso de termelétricas ou a construção de novas linhas.
“Hoje no meio rural existem mais de 37 mil unidades que fazem esse tipo de geração e o projeto de lei garante que com a regra atual, vigente, ela permaneça para essas pessoas e para aquelas que venham entrar até 12 meses depois da lei com benefícios até 2045”.
Em Cristalina (GO), o produtor Luiz Carlos Figueiredo também investiu na energia renovável para aproveitar os recursos da propriedade e melhorar o manejo do gado.
“A demanda na propriedade é muito grande, principalmente de energia para que a gente mantenha a estrutura e dar conforto aos animais, produzir ração, bombear água. Optamos por esse projeto para amenizar nossos custos e para aproveitar o espaço do lago que armazenamos a água da chuva.”
Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), os produtores rurais representam hoje 3,3% dos investidores em geração própria de energia renovável no País.
“Isso representa mais de 3,2 bilhões de reais investidos e contribuindo para que o Brasil avance rumo a uma transição energética cada vez mais sustentável e com uma presença cada vez maior de outras fontes renováveis na matriz”.