“A bubalinocultura, como outras produções da agropecuária, não sobrevive a amadorismo, ainda mais no atual momento econômico que estamos enfrentando”, afirma a doutora em Zootecnia e pesquisadora científica Caroline Francisco, do Centro de Pesquisas Tropicais em Bubalinos (CPTB), instalado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da Unesp – Campus de Botucatu (SP).
A declaração situa-se no contexto do trabalho técnico e profissional desenvolvido pelo CPTB, mais especificamente ao acompanhamento que faz neste momento da evolução de 39 bezerros (machos e fêmeas), “de altíssima qualidade zootécnica”, conforme Caroline, nascidos no primeiro semestre de 2021.
Os bezerros são a terceira safra do touro Haron, da raça Jafarabadi (Genética BV – Fazenda Boa Vista, do criador Jonas Camargo de Assumpção, de Tietê-SP). O reprodutor foi avaliado no centro de pesquisas e selecionado entre 40 animais quanto à eficiência alimentar, eficiência de ganho e temperamento. As matrizes envolvidas no cruzamento também foram selecionadas, ao longo dos anos da criação no centro, e os bezerros de cada safra são acompanhados e avaliados quanto ao desempenho produtivo.
Verdadeira prova de eficiência, durante 84 dias a avaliação zootécnica coletou diariamente os dados de consumo alimentar (água e sólidos), desempenho e comportamento animal. Esses dados são utilizados em cálculos de regressão que a partir das interpretações adequadas permitem identificar o grau de eficiência do animal dentro de um cenário específico.
Atualmente, com aproximadamente 11 meses de idade, os 39 bezerros resultantes dos cruzamentos da última safra estão com média de 335 kg de peso vivo (o tourinho “Mufasa” pontificou, alcançando 372 kg de peso vivo aos 10,5 meses). “Estima-se, na média nacional, o peso de cerca de 250 quilos para bezerros bubalinos destinados à produção de carne, com idade de 8 a 10 meses de idade. Os animais do centro de pesquisa apresentam, comparativamente, um ganho de 85 quilos (ou de 25%), resultando em um acréscimo de quase 3 arrobas para a fase em questão”, revela a pesquisadora.
Como a produção, no caso, é para corte, todo o leite das respectivas mães foi disponibilizado aos bezerros diretamente do teto, até a desmama. No momento, os animais estão em pasto de Brachiaria brizantha cv. Xaraés, no sistema de lotação rotativa, e recebendo sal mineral.
O trabalho, segundo Caroline, parte da premissa da Zootecnia e do tripé que consiste em genética, nutrição e manejo animal. “Dentro do manejo temos, ainda, o manejo sanitário, comportamental, bem-estar, produtivo, reprodutivo, ambiental, de pastagem, etc”, acrescenta a pesquisadora.