A maior parte dos pequenos produtores agropecuários do Brasil vê os investimentos em suas propriedades como principal demanda para a tomada de créditos rurais na temporada 2021/22, indicou pesquisa publicada nesta quarta-feira pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em momento de estudos para a formulação do próximo Plano Safra.
Segundo o sistema CNA/Senar, 64,1% dos produtores ouvidos pelo levantamento apontaram investimentos nas propriedades como a maior necessidade para 2021/22, enquanto 30,1% responderam precisar de créditos principalmente para a aquisição de insumos.
A demanda por financiamento para aporte nas propriedades é maior entre os agricultores que reportam menor rendimento bruto anual –67,1% daqueles com receita de até 100 mil reais citaram a categoria, em proporção que diminui até chegar a 49,8% entre os que possuem rendimento anual de mais de 410 mil reais, disse a CNA.
Já a compra de insumos, que foi citada por 26,2% dos produtores com receita de até 100 mil reais, avança para cerca de 45% entre aqueles com rendimento de mais de 300 mil reais. Uma minoria dos participantes ainda disse necessitar de aportes para agroindústria e reforma ou construção de moradia rural.
A pesquisa, que ouviu 4.336 produtores em 14 Estados do país, com cerca de 70% dos entrevistados declarando renda bruta anual de até 100 mil reais, será entregue à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em momento em que o governo elabora o Plano Safra 2021/22.
Na atual temporada 2020/21, o programa ofertou um recorde de 236,3 bilhões de reais em recursos para financiamentos no setor, sendo 33 bilhões de reais para pequenos produtores por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Apesar das demandas relatadas pelos participantes, a CNA disse que a pesquisa revela uma dificuldade de pequenos produtores para acessar crédito rural e seguro.
Segundo a pesquisa, 38% dos produtores rurais nunca contrataram crédito rural, enquanto apenas 26,6% contrataram crédito rural em 2020.
“O que os produtores mais reclamaram são excesso de papelada/burocracia, garantias exigidas, demora na liberação do crédito e falta de informação”, disse a CNA em nota, acrescentando que há cobrança por um processo mais simples e agilizado, melhor orientado e com taxas de juros mais baixas.
No front do seguro rural, 83% dos entrevistados afirmaram jamais ter utilizado o mecanismo para proteger a produção, enquanto somente 8,4% responderam “sempre” fazer uso de seguro.
O resultado também demonstra disparidade significativa entre as faixas de renda: entre aqueles com receita de até 100 mil reais por ano, 89,3% nunca utilizaram seguros. A proporção cai para 60,6% entre produtores com mais de 400 mil reais/ano.
Ainda de acordo com a pesquisa, 42,5% disseram não utilizar seguros recorrentemente porque “não sabem como faz”. O resultado é novamente puxado pela faixa de menor renda, em que 47% disseram não possuir o conhecimento para tal; entre aqueles com mais de 400 mil reais de receita, apenas 17,6% disseram não saber como proceder com a contratação, enquanto 41% não acham o seguro “interessante”.