Vamos chegando ao fim do ano de 2020 e muitos questionamentos são feitos pela maioria dos brasileiros que pretendem fazer um planejamento razoável para o ano de 2021.
No meio da pior crise sanitária das últimas décadas e visando ser um contraponto a prenuncia de uma crise econômica causada pelas severas restrições impostas nos estados e municípios, o Governo Federal, após instituído o Decreto de Calamidade Pública, onde abriu-se brecha no orçamento, criou o Auxilio Emergencial.
Este programa de transferência de renda que teve papel decisivo para que não fosse concretizado o desempenho que muitos analistas previram em março deste ano, onde atribuiu uma retração na casa de 10% do PIB para o ano de 2020, atendeu 68 milhões de pessoas e teve desembolso total no valor de R$ 300 bilhões de reais.
A maioria dos beneficiários do Auxilio Emergencial foram trabalhadores informais e com a perspectiva do retorno do gradual da atividade econômica não dará folego para que sejam criadas vagas no mercado de trabalho para absorver essa demanda. Um estudo realizado pela Tendências Consultoria mostra que a renda da classe D/E – que recebem até R$ 2.600,00 mensal – teve um incremento de 20,9% este ano, enquanto as classes B e C – que recebem entre R$ 6.200 a R$ 19.400 e R$ 2.600 a R$ 6.200 – perderam 2,4% e 0,9% de renda neste ano. E estimam de que em 2021 passarão a fazer parte da classe D/E aproximadamente 930 mil famílias.
O Auxilio Emergencial foi importante para atravessar o ano de 2020, como demonstrado acima, pois propiciou o impacto positivo na renda da população e na geração de rendimento para incentivar o consumo, em momento onde houve fechamentos de postos de trabalhos e diminuição do consumo. Mas e 2021, o que podemos esperar, uma vez que os números de infecção e mortes em decorrência do covid-19 voltam a assustar, não há até o momento previsão concreta de início da vacinação e sem a certeza de que o Congresso e o Poder Executivo irão a frente com a pauta de rigor fiscal e liberalismo na economia, medidas defendidas com rigor pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes.
Porém o Decreto de Calamidade Pública expira agora no final de 2020 e devido as severas restrições fiscais que o país possui, tendo sua dívida pública fechando o ano em torno de 95% do PIB e um orçamento praticamente comprometido em sua totalidade com despesas obrigatórias, sem margem de muita manobra, não deverá ser prorrogado.
As famílias beneficiarias do Bolsa Família, que estavam recebendo o Auxilio Emergencial, voltarão a receber o auxilio no valor de R$ 192,00 – valor esse que o Governo Federal tenta reajustar para R$ 200,00 – e 48 milhões de pessoas passarão a não receber nenhum tipo de ajuda via transferência de renda do Governo Federal.
O Ministério da Economia espera que a economia vá reagir de maneira satisfatória, em formato de “V”, e por isso defende a não prorrogação do Auxilio Emergencial. As expectativas são baseadas na premissa de que os juros baixos a níveis históricos – por mais que haja a previsão de que suba no próximo ano, passando de 2% a.a. para 3% a.a. –, o baixo nível do compulsória bancário, ação que estimula o aumento da liquidez em recursos depositados gerando maior oferta de crédito por parte das instituições financeiras e, principalmente, à poupança gerada pelas famílias no decorrer deste ano, uma vez que as restrições severas impostas contribuíram para queda no consumo e que boa parte da população poupasse mais recursos uma vez que não tinha muitas opções de compras, haja vista o fechamento de restaurantes, shopping, bares, restaurantes e restrições de viagens, serão uma mola propulsora para a economia em 2021.
Ao que tudo indica ficará para o primeiro trimestre de 2021 as respostas importantes que o brasileiro precisa ter para saber o rumo que o país trilhará.