NÃO EXISTE MÁGICA: É HORA DE DEMITIR!
Com o avanço da crise econômica causada pela Pandemia, o inevitável fica mais claro e a manutenção de empregos fica cada dia mais difícil
Não é fácil!
Ser empresário no Brasil todo o mundo sabe que é um enorme desafio. Não há mais espaço para amadorismo ou aventuras. Empresas iniciadas sem planejamento ou que não se organizam só possuem um destino: o prejuízo.
Faz parte da tarefa árdua de ser empresário lidar com decisões difíceis. Mas, sem dúvida alguma, decisões precisam ser tomadas, mesmo que sejam doloridas.
Nossa economia não estava preparada para um enorme baque e, por mais que o Governo Federal tenha lançado medidas para tentar garantir o emprego dos trabalhadores, através da flexibilização da negociação individual, bem como de redução jornada e ainda o fornecimento de auxílios financeiros para suprir tanto essa redução parcial como a suspensão do contrato de trabalho, não pode-se esperar, para grande parte dos ramos de atividade, uma retomada em ritmo idêntico ao pré-pandemia.
Países que já passaram pelo momento crítico da pandemia se surpreenderam com as vendas das duas primeiras semanas pós-pandemia, através do que chama-se por “revenge buying”, ou ainda “consumo de vingança”. Entretanto, com a normalização do consumo, o que se verificou é que fez falta a circulação de capital durante o período de paralisação, afetando mercados até então sólidos, inclusive alguns que se imaginavam como mais difíceis de serem atingidos pelos efeitos da paralisação.
Foco muito meus estudos em empresas que passam por dificuldade financeira. Percebo que essa realidade do empreendedor brasileiro é muito peculiar. É normal o empresário andar de carro novo, roupa nova e possuir dificuldade para manter o pagamento das contas mensais. A confusão patrimonial existente entre as pessoas físicas e as jurídicas das quais essas pessoas físicas são sócias é o padrão, mesmo não sendo o mais indicado por qualquer especialista na área econômica ou administrativa.
Com isso, o empresário brasileiro acabou criando o hábito de fazer dívida de juros altos, demandando um alto volume de vendas para conseguir manter as contas no azul.
Nesse momento, estamos nos aproximando de um novo mercado, em que menos se terá vendas presenciais e mais será necessário a aproximação do seu consumidor, fomentando o mercado de vizinhança e a fidelização da clientela. Com isso, os colaboradores que possuem dificuldade em se adaptar a essa nova realidade ou ainda que não estejam abertos para aprender coisas novas, infelizmente, precisarão se realocar.
O empresário precisa decidir isso com muita calma, mas, como dito acima, tem que decidir. Mesmo que seja realizada a reposição do quadro posteriormente para os casos de dificuldade de adequação, mas o quadro de funcionários precisa ser observado de forma individualizada para verificar a capacidade de cada colaborador em se adaptar a essa nova realidade.
Não sabemos se serve de consolo, mas essa é a realidade de praticamente todas as grandes corporações, mesmo as que tem acesso a linhas de crédito facilitadas, pois não existe mágica: o mercado vai retrair em média 7%, o que significa que para alguns ramos, uma retração de 40% ao longo do ano.
Ou seja, para o empresário que já sofre para manter as contas em dia vendendo normalmente, como continuar sobrevivendo com queda tão abrupta nas vendas?
A resposta é dura, mas é necessária: demissão de colaboradores, capacitação da equipe para a nova realidade, priorização dos colaboradores que possuem mais facilidade com o meio digital.
Técnicos do governo federal estimam que o número de desempregados dobrará em razão da pandemia, justamente pelo fato de que empresas vão fechar e/ou retrair, necessitando de um período de adaptação para promover novos investimentos e a economia voltar a girar.
Então, meu amigo empresário, não se martirize por uma situação que não foi criada por você, não quebre na ilusão de tentar manter empregos que não serão úteis para os negócios. Pois não existe mágica: é hora de demitir.