O presidente da Embrapa, Celso Moretti, participou de um painel sobre “Carbono Orgânico no Solo – Oportunidades e Desafios” nesta terça-feira (2/11) durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que acontece em Glasgow, Escócia, até o dia 12 de novembro.
Moretti destacou a pesquisa da Embrapa Solos, que resultou no lançamento recente dos mapas de carbono orgânico dos solos brasileiros. “Trata-se de mais uma contribuição da ciência para a agricultura brasileira, de fundamental importância para a mitigação das mudanças climáticas. O Brasil ocupa o primeiro lugar entre os 15 países que detêm potencial para estocar carbono em nível global. Investir em estudos do solo é fundamental para a descarbonização da agricultura.
O painel contou com as presenças do Secretário-Adjunto de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Freire; do Secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fernando Camargo; e do associado da Climate Connection, Eduardo Brito Bastos.
Confira o vídeo do presidente sobre a participação na COP26 no link https://www.embrapa.br/documents/32009307/0/V%C3%ADdeo+Moretti+COP+26/770f86a1-dc89-129e-210f-3b9055b429b0?videoPreview=1&type=mp4
Mapas permitem identificar solos degradados
Os novos mapas permitem identificar áreas degradadas, quando a matéria orgânica não está mais presente e gerar mapas de potencial de sequestro de carbono, entre outras funções. “O Brasil tem 36 bilhões de toneladas de carbono orgânico armazenados em seus solos, o que corresponde a 5% do estoque global. Entender esse processo é parte da solução das mudanças climáticas”, destacou, lembrando que o carbono orgânico no solo contribui para a estruturação física desse recurso natural. Os solos com maior teor de matéria orgânica têm maior capacidade de fertilização e retenção de água, entre outros benefícios. “Os mapas permitem, portanto, também identificar áreas com solos degradados”, acrescentou.
O presidente destacou que o investimento em ciência dos solos foi fundamental para transformar esse recurso natural no País e fazer com que o Brasil seja hoje líder em agricultura tropical no mundo. “Nos mapas, é possível ver que a maior quantidade de carbono orgânico está armazenada na Amazônia em função da maior produção de matéria vegetal e no Sul do Brasil. Por outro lado, no Semiárido e Pantanal temos menor concentração pelos solos arenosos, que dificultam o acúmulo de matéria orgânica.
Fernando Camargo destacou que o desenvolvimento dos mapas de carbono orgânico dos solos brasileiros é um dos resultados do PronaSolos, lançado em 2019, para mapear os solos brasileiros nos moldes do que já é feito nos Estados Unidos desde a década de 1980. “Apesar de ser uma potência agroambiental, o Brasil não conhecia grande parte de seus solos. O PronaSolos é um empreendimento hercúleo e uma iniciativa de Estado, que envolve vários parceiros, para estudar meticulosamente os solos brasileiros pelos próximos 30 anos”, acrescentou. O conhecimento dos solos é a base para a agricultura digital, a partir do uso correto de fertilizantes, entre outros parâmetros.”
O Secretário do Mapa e também presidente do Conselho de Administração da Embrapa ressaltou que o solo é um insumo básico para a agropecuária. “No caso do Brasil, o aporte científico e tecnológico nas pesquisas de solo foi fundamental para que o salto da agricultura ao longo das últimas cinco décadas”, pontuou. Segundo ele, graças aos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, o Brasil passou de importador de alimentos na década de 1970 para um dos maiores exportadores globais, beneficiando cerca de 850 milhões de pessoas.