Mercado financeiro em polvorosa com provável saída de Paulo Guedes
No mercado financeiro brasileiro, as expectativas para o cenário econômico pioraram muito nesta sexta-feira, 24, com o recrudescimento da crise política em que o país está mergulhado. Uma semana depois da saída do bem avaliado e popular ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, hoje foi a vez de o ministro da Justiça, Sérgio Moro, abandonar o governo Jair Bolsonaro. Os investidores temem que o próximo a jogar a toalha diante dos conflitos com Bolsonaro seja Paulo Guedes, o ministro da Economia, cuja formação liberal foi decisiva para convencer o empresariado a apoiar a candidatura do ex-capitão em 2018.
Moro também era um dos pilares do governo. Líder da Operação Lava-Jato, que mandou dezenas de políticos e empresários à cadeia por desvios, sua adesão à campanha presidencial de Bolsonaro deu credibilidade ao discurso anticorrupção do ex-militar. No anúncio de saída, o ex-juiz federal colocou em dúvida a propaganda de moralização política do governo ao acusar o presidente de interferência e fraude, por Bolsonaro supostamente ter falsificado sua assinatura no despacho do Diário Oficial da União sobre a demissão do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Sem Moro e com a imagem trincada, Bolsonaro pode ter ainda mais dificuldade em conseguir apoio – tanto no Congresso Nacional quanto na sociedade – para medidas que pudessem acelerar a atividade econômica.
A enorme incerteza sobre os rumos do país fez os investidores correr de ativos financeiros de risco hoje. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, terminou o dia em queda de 5,5%, aos 75.330 pontos. Logo após a entrevista coletiva à imprensa em que Moro anunciou sua saída, a bolsa chegou a cair quase 10%. O dólar comercial, referência nas transações entre bancos e empresas, disparou 2,5%, vendido a 5,6681 reais.