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Mercado de olivicultura tem expansão promissora

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A olivicultura é uma cultura em expansão no Brasil, mas que, devido ao seu histórico no país ainda encontra muitos desafios. Apesar disso, investir na plantação de oliveiras em terras brasileiras pode ser uma oportunidade promissora.

Atualmente, o Brasil é considerado um mercado em expansão quando o assunto é azeitonas e azeites, sendo um dos principais países importadores de azeites e azeitonas no mundo. Além desses produtos, o Brasil também importa outros derivados de azeitonas como produtos de beleza contendo azeite de oliva como matéria prima. 

Tal é a importância do Brasil como consumidor de produtos oriundos da olivicultura, que estudos foram realizados e olivais foram implantados, predominantemente nas regiões Sul e Sudeste. Entre os estados que se destacam no desenvolvimento de olivais com potencial comercial, estão o Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O Brasil é um dos maiores importadores de produtos oriundos da oliva, o que traz potencial para o investimento na olivicultura 

A região da Mantiqueira em Minas Gerais, criou a Associação dos Olivicultores do Contrafortes da Mantiqueira (ASSOLIVE), com associados presentes em Minas Gerais e São Paulo. O maior destaque no desenvolvimento da olivicultura na região é a Fazenda Experimental de Maria da Fé (FEMF), da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).  

Na FEMF são realizadas diversas pesquisas de melhoramento (caracterização de cultivares de oliveira), manejo fitotécnico da oliveira, nutrição da oliveira, manejo das pragas e doenças da oliveira, extração e avaliação de qualidade do azeite.  

Já no Rio Grande do Sul, o desenvolvimento da olivicultura conta inclusive com o incentivo do governo do Estado, através do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva), que tem como objetivo fomentar e apoiar produtores a consolidar a olivicultura no Estado gaúcho.  

O sucesso do programa Pró-Oliva pode ser visto pelo crescimento da área plantada de oliveiras: segundo dados da Expointer Digital de 2020, já eram 6.000 hectares plantados, número que poderia atingir 8.000 hectares, segundo a expectativa.  Contudo, o que mais chama atenção é o potencial do estado gaúcho de poder chegar a 10 milhões de hectares plantados, área que seria o dobro da Espanha. Entretanto, a cultura de oliveiras nem sempre foi incentivada, sendo um dos motivos pelos quais o país ainda não alcançou todo o seu potencial na olivicultura. 

O atraso no desenvolvimento da olivicultura no Brasil 

Introduzida no Brasil por volta do século 16, a oliveira tinha como principal objetivo a produção de azeite lampante, utilizado nas lamparinas como combustível para iluminação, e a produção de ramos para o Domingo de Ramos, importante comemoração cristã que utilizava os ramos da oliveira como relatado na bíblia. 

Apesar dessa introdução da olivicultura no Brasil ser antiga, o seu desenvolvimento sofreu um revés que a fez ter seu real desenvolvimento somente vários séculos depois. Segundo registros históricos, a coroa portuguesa, ao ver que o potencial de produção de azeites de qualidade no Brasil colônia era melhor que o seu, ordenou a destruição dos olivais da época e a proibição da produção no Brasil colônia.  

Apesar da proibição, algumas árvores sobreviveram e seguiram sendo preservadas, principalmente no entorno de algumas igrejas. Este fato pode ser constatado até os dias de hoje pela presença de oliveiras próximas a algumas igrejas antigas no Brasil.  

Entretanto, esses acontecimentos históricos fizeram com que houvesse um atraso secular no desenvolvimento da olivicultura brasileira, que ainda hoje é refletido nos principais desafios dessa cultura no país. 

Os desafios da olivicultura no Brasil 

Os desafios da expansão na olivicultura brasileira não são poucos e a cada dia são travadas verdadeiras guerras no setor. Algumas acabam mesmo chegando aos tribunais de justiça e afetando inclusive outras culturas, como uva e soja.  

É o caso dos prejuízos de olivais e vinhedos no Rio Grande do Sul, causados principalmente pela deriva do herbicida 2,4-D. Os problemas da deriva ocasionados pela aplicação incorreta do herbicida causaram problemas de abortamento de flores, atraso do desenvolvimento vegetativo de plantas e até a morte de olivais e vinhedos.  

Além deste caso, podemos citar entre os desafios da olivicultura: 

Falta de mão-de-obra especializada; 

Produtos fitossanitários autorizados na olivicultura; 

Incremento do consumo de azeite; 

Falsificação e adulteração de azeite; 

Viveiros especializados na produção de mudas; 

Estudos mais aprofundados sobre manejo de pragas/doenças e nutrição vegetal. 

Por ser uma cultura relativamente nova no Brasil, a carência de profissionais especializados no setor é um desafio a quem pretende produzir. Entretanto, é uma oportunidade aos técnicos para especializarem-se na cultura.  

Quando o assunto é produtos fitossanitários permitidos pelo MAPA, ainda hoje os olivicultores contam apenas com o Óleo Mineral (hidrocarbonetos alifáticos), sendo um desafio a produção no controle de pragas e doenças.  Além disso um grande desafio é o combate a azeites adulterados e de baixa qualidade. Somente em novembro de 2020, 9 marcas foram proibidas de ser comercializadas no Brasil por suspeita de fraude.  

Outro aspecto que é um desafio é a característica do azeite de oliva que interfere no seu potencial benéfico para a saúde: diferente do vinho, o azeite de oliva quanto mais novo, melhor sua qualidade.  

Isso porque assim ele mantém seus elevados níveis de polifenóis, substâncias benéficas para pessoas que buscam por uma alimentação com mais qualidade. Essa característica acaba fazendo com que o azeite de oliva precise ser comercializado mais rapidamente, para não perder o seu potencial benéfico. 

Mesmo com desafios, ainda assim um setor promissor 

Mesmo com suas particularidades e desafios, o cenário é promissor ao desenvolvimento da olivicultura no país, pois o brasileiro tem aumentado o consumo de azeites de oliva. Dados mostram que o consumo médio passou de 143g/hab/ano em 2004 para 410g/hab/ano em 2019, sendo cerca de 95% importado por falta de produção nacional.

A importância de mudas de qualidade onde estas sejam livres de pragas e doenças, apresentem boa adaptação edafoclimática ao local do olival, sejam cultivares com características de produzir elevados teores de azeite, fazem parte do sucesso do olival e consequentemente o retorno do investimento. Investimento esse que pode levar de 6 – 10 anos para retornar.

Com esse crescimento expressivo e excelentes perspectivas de investimento na olivicultura, o Brasil hoje conta com menos de 10 viveiros autorizados a produção de mudas de oliveira, fazendo com que esse seja outro setor promissor desta cultura.

Assim, para que o país possa crescer cada vez mais na olivicultura e aumentar o seu potencial, é preciso pensar maneiras de superar os desafios do setor, como aumentar o número de viveiros autorizados e incentivar mais pesquisas que possibilitem a produção de mudas de oliveiras.

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