Médico Marcelo Queiroga aceita convite e será o novo ministro da Saúde
O médico Marcelo Queiroga aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro e será o novo ministro da Saúde. Os dois se reuniram nesta segunda-feira, 15, em Brasília. A oficialização ainda depende de publicação no Diário Oficial, o que deve ocorrer em breve. A informação foi confirmada pelo presidente a apoiadores, ao chegar no início da noite ao Palácio da Alvorada.
A substituição do general Eduardo Pazuello no comando da Saúde ganhou força nos últimos dias, principalmente no fim de semana. No domingo, 14, o presidente chamou Pazuello para uma conversa, junto com outros ministros, para acertar os detalhes de sua saída. Em seguida conversou com a médica Ludhmila Hajjar, que recusou o convite para assumir o cargo.
Nesta segunda-feira, 15, já estava marcada uma entrevista coletiva semanal em que o Ministério da Saúde faz o balanço da covid-19 no país, mas Pazuello aproveitou a ocasião para fazer uma retrospectiva com os principais pontos da sua gestão, e não somente dos últimos sete dias, como é de praxe. Usou o espaço também para confirmar, pela primeira vez, que Bolsonaro procurava um novo substituto e dizer que ficaria no cargo para a transição.
“O ministro vai ser substituído? Um dia, sim. Pode ser em curto, médio ou longo prazo. O presidente está sim neste momento de reorganizar o ministério. Enquanto isso não for definido, segue vida normal. Eu não estou doente, não pedi para sair e nenhum de nós está com problema algum. Estamos trabalhando focados na missão. Quando o presidente tomar a decisão, faremos uma transição tranquila. É continuidade, não rompimento”, disse.
Pazuello era o secretário executivo do Ministério da Saúde e assumiu o cargo de forma interina no dia 15 de maio de 2020, quando Nelson Teich deixou a pasta, um mês depois de substituir Luiz Henrique Mandetta. Os dois ministros anteriores ao general saíram por divergências com o presidente Jair Bolsonaro no controle da pandemia de covid-19, principalmente sobre o uso da cloroquina – sem comprovação científica – e da transparência de dados.
Desde que comandou a pasta, a situação do coronavírus no Brasil piorou drasticamente. No dia em que assumiu, o número de casos confirmados era de 218.223, e as mortes somavam 14.817. No último balanço, divulgado na segunda-feira, 15, pelo Ministério da Saúde, o país tem 279.286 óbitos e 11.519.609 de casos confirmados da doença.
Muito alinhado com Bolsonaro, Pazuello adotou uma estratégia de tirar a responsabilidade de controle da pandemia do Ministério da Saúde e jogá-la para estados e municípios.
Quem é o novo ministro
Marcelo Queiroga é graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Paraíba. É especialista em cardiologia e tem doutorado em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto/Portugal.
Atualmente, dirige o departamento de hemodinâmica e cardiologia intervencionista (Cardiocenter) do Hospital Alberto Urquiza Wanderley (Unimed João Pessoa) e é médico cardiologista intervencionista no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, também na Paraíba. É presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Atuou como dirigente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, na qual já exerceu a presidência no biênio 2012/2013, sendo membro permanente do seu Conselho Consultivo. Integra ainda o Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba como Conselheiro Titular.
Assim como Ludhmila Hajjar, recebida no domingo pelo presidente para debater a sucessão de Pazuello, Marcelo Queiroga defende o isolamento social como forma de combate à pandemia. Ele também já se posicionou contrário ao “tratamento precoce” defendido por Bolsonaro à base de cloroquina, medicamento sem comprovação científica para covid-19.
De perfil técnico, Queiroga atuou na equipe de transição do governo de Michel Temer para Bolsonaro no fim de 2018. Em setembro do ano passado, encontrou-se com o presidente no Planalto e chegou a postar uma foto com ele. O médico é considerado uma pessoa com jogo de cintura para construir uma política de saúde que possa funcionar contra a pandemia, sem contrariar suas convicções.