Kim Jong-un pacifista: armas nucleares impedirão novas guerras
As armas nucleares trariam a paz, e não a guerra. Essa é a análise do ditador norte-coreano Kim Jong-Un, que defendeu nesta semana que a existência dos armamentos impedirá novas guerras na Coreia do Norte.
A declaração foi feita em discurso a militares, em comemoração aos 67 anos do fim da Guerra da Coreia na década de 50. De acordo com a agência estatal norte-coreana KCNA, um evento foi liderado por Kim para celebrar a data com os veteranos do conflito.
Em seu discurso, ainda segundo a KCNA, Kim teria enfatizado que o programa nuclear da Coreia do Norte visa possibilitar uma defesa do território contra novas guerras.
“Agora, somos capazes de nos defender frente a qualquer forma de pressão de alta intensidade e ameaças militares de imperialistas e forças hostis. Graças ao nosso dispositivo nuclear confiável e efetivo de autodefesa, não haverá mais guerra, e a segurança e futuro do nosso país estará firmemente garantida para sempre”, disse.
A Coreia do Norte vem trabalhando em um programa nuclear com mais força a partir da segunda metade dos anos 2000, embora as primeiras pesquisas tenham começado na década de 60. As primeiras pesquisas teriam começado com um reator fornecido pela União Soviética.
Até 2003, o país foi signatário de um pacto de não-proliferação de armas nucleares até que, em 2006, realizou um primeiro teste público recente com os armamentos. Em 2009 e 2013, viriam novos testes. A partir de 2016, já sob o comando de Kim Jong-Un, a Coreia do Norte começou a realizar mais testes nucleares e lançamentos de mísseis de longo alcance, sobretudo em direção ao Japão.
O que foi a Guerra da Coreia
A Guerra da Coreia durou de 1950 a 1953 entre as Coreias do Norte e do Sul no contexto da Guerra Fria, que opôs países na órbita ideológica dos Estados Unidos capitalista e da já extinga União Soviética comunista.
Na Coreia, o Norte era mais alinhado à China, também comunista, e à URSS, enquanto o Sul tinha maior presença de tropas dos Estados Unidos. A divisão, primeiro informal, começou logo em 1948, alguns anos após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e começo da Guerra Fria.
A antiga Coreia unificada foi por décadas no século 20 uma colônia do Japão e liberta após a Segunda Guerra. Contudo, no processo de independência, que teve presença tanto de soviéticos e chineses quanto de americanos, as influências no território terminaram divididas, o que cuminaria nas disputas norte-sul.
Com o fim do confronto na Guerra da Coreia, os territórios se separaram de vez, situação que perdura até hoje.
A Guerra da Coreia teria sido o principal motivador para que os norte-coreanos impulsionassem seu programa nuclear.
No período e mesmo após o fim da guerra, os Estados Unidos instalaram mísseis apontados para a Coreia do Norte no território da Coreia do Sul. As armas só foram retiradas a partir da década de 70, no governo do presidente americano democrata Jimmy Carter. O processo foi finalizado no governo de George H. W. Bush (o “Bush pai”), em 1991.
A ameaça de uma guerra nuclear foi um dos principais temores mundiais durante a Guerra Fria. Tanto EUA quanto União Soviética possuíam — com resquícios até os dias de hoje — um amplo arsenal de armas nucleares que, caso usados contra o inimigo, poderiam ter causado um desastre global. Esse foi um dos motivos pelos quais os dois países terminaram por não entrar em conflitos diretos durante o período.