FOCO E EQUILÍBRIO
Quem leu O X da Questão, escrito por Eike Batista (Ed. Primeira Pessoa, 2011), certamente empolgou-se com a história de um jovem ambicioso, com gana de empreender, que teve coragem de abandonar uma graduação na Alemanha para arriscar-se no comércio de ouro.
Enfrentou garimpos no Pará e em Mato Grosso, conheceu malária, homens de palavra e vigaristas; presenciou a situação degradante de garimpeiros, e não desistiu. Determinado, perseverante, focado no seu objetivo, antes de completar 30 anos de idade já amealhara fortuna de R$ 1,0 bilhão. Não demorou muito e passou de R$ 6,0 bilhões.
Atualmente as manchetes não lhe são motivo de orgulho. Condenação por manipulação do mercado de ações e lavagem de dinheiro, venda de empresas “na bacia das almas”, e desvalorização de outras, perda de alguns bilhões.
Saiu do mercado do ouro, que dominava e onde acumulou fortuna, e enveredou no negócio de petróleo, de alto risco, no mercado de capitais e em outros que lhe custaram muito caro.
Nem de longe estou querendo insinuar algo contrário à diversificação.
Trazendo o assunto para mais perto, lembro o caso de empresário conhecido meu, bem sucedido, que passou a tirar receita de sua empresa para aplicar em fazenda, como curioso, quase um hobby. Não demorou e sua empresa tornou-se inadimplente com bancos, fornecedores e tributos, caminho reto para a insolvência.
Um parêntesis: quem confunde receita com lucro, para usar dinheiro da empresa, normalmente entra em dificuldade.
O que estes casos têm entre si? Foco. Ou melhor, falta dele. E usei estes dois casos verídicos a fim de chamar sua atenção para o seu negócio. Você é focado? Sua empresa é equilibrada?
Em primeiro lugar o empresário deve conhecer o seu negócio, o que exatamente oferece ou se propõe oferecer ao público.
O que é o seu negócio? Vender carro? Dar consultoria? Vender refeições? Cuidar de cabelos? É isso que pessoas buscam?
Talvez seja mais claro para saber o que sua empresa deve oferecer, se tiver convicção de que pessoas buscam mais é realização pessoal, prazer, satisfação, segurança, felicidade. O bem ou serviço muitas vezes é meio para alcançar o que pretendem.
Conhecendo isto fica menos difícil focar no seu empreendimento, canalizar os seus recursos e esforços para bem “tocá-lo”, sem desviar atenção, sem perder de vista onde está, aonde pretende chegar e o que é necessário para isso.
Aí entra em cena o equilíbrio. Pessoas e empresas precisam de equilíbrio para bem sobreviverem, como diz a expressão “mente sã em corpo são”, falando que a pessoa necessita de equilíbrio. (Poeta romano Décimo Júnio Juvenal, que viveu entre o I e II séculos).
Equilíbrio é assunto muito estudado e discutido, sobretudo por psicólogos e psiquiatras, muitos citando três pontos como fundamentais para uma vida equilibrada: financeiro familiar e pessoal.
Possivelmente você já enfrentou circunstância em que um destes pontos esteve fraco, e o todo capengou, pela falta de equilíbrio.
Também as empresas, como organismos, que têm vida, necessitam de equilíbrio, e ouso destacar: econômico-financeiro, estrutural e emocional.
Chamamos emocional a situação dos seres vivos de sua empresa, inclusive você empresário, porque daí virá a resposta na entrega às pessoas -físicas ou jurídicas – que interajam com sua empresa. O equilíbrio dos seres humanos, isto é, da equipe, está diretamente ligado à resposta com excelência ou não às demandas que surgem.
Foco e equilíbrio andam juntos. Foco porque o empresário antenado procura imaginar como o cliente se sente com o que está recebendo, e, por outro lado, está sempre buscando fortalecimento, crescimento do seu negócio.
O equilíbrio está na estrutura (aparência, conforto, comodidade), na equipe (atendimento, presteza, que inclusive induz a pensar-se em serviço de boa qualidade). O econômico-financeiro completa o trio, porque gera possibilidade de oferecer melhor condição, como melhor preço, concessão de prazo, por exemplo.
Só para enfatizar: uma empresa não terá equilíbrio se não for composta por pessoas equilibradas.