Fed lança luz sobre retomada americana em meio à pandemia de covid-19
Nesta quarta-feira (29), as atenções do mercado estarão voltadas para o Federal Reserve, o banco central americano, que encerra sua reunião de dois dias. A expectativa é que não haja alteração na taxa de juros, hoje na faixa entre 0% e 0,25%. No entanto, a coletiva de imprensa do seu presidente Jerome Powell pode trazer pistas sobre os próximos meses.
Ninguém espera que os juros subam no futuro próximo, mas o Fed pode deixar mais claro para quais indicadores olha com mais atenção e quais medidas estão sendo consideradas. Isso tem influência sobre a curva futura de juros, inflação e câmbio – tanto lá quanto no resto do mundo, incluindo o Brasil.
“O encontro do Comitê provavelmente envolverá um debate sobre a caixa de ferramentas com uma discussão sobre como mudar o eixo de políticas de ‘estabilização’ para ‘acomodação’”, diz um relatório do Bank of America Merrill Lynch assinado por Michelle Meyer, Mark Cabana e Ben Randol.
O Fed, que vem atuando intensamente na oferta de liquidez e de crédito desde o início da crise, precisa considerar vários pontos em movimento. Um deles é a trajetória da própria pandemia, indissociável da recuperação econômica.
Na época da última reunião do Fed, no início de junho, a situação do coronavírus parecia estabilizada nos EUA, mas desde então vários estados populosos como Flórida e Texas encaram um repique de infecções que levou a novos fechamentos de atividades.
Outro fator a ser considerado é a resposta de outros atores. No começo da semana, o Partido Republicano apresentou um novo pacote de estímulos de 1 trilhão de dólares que ainda precisa ser negociado dentro do partido e com os democratas e pode até crescer de tamanho.
Uma das medidas mais polêmicas é a redução do pagamento semanal de 600 dólares a desempregados, que expira no final do mês, para 200 dólares, como forma de incentivar que as pessoas voltem ao trabalho. Para qual trabalho exatamente, e sob qual risco de contágio, isso nem o Fed saberia responder. Mais imprevisível que a economia, só a pandemia.