Em algumas outras oportunidades já escrevi a respeito da importância que o Auxilio Emergencial teve para manter a economia respirando no ano de 2020, ano em que a pandemia do covid-19 resultou no fechamento de milhares de empresas, ocasionando demissões de colaboradores e afetou a vida dos informais que tiveram sua fonte de renda, através da execução de atividades informais que geravam renda para sustento da família, severamente comprometida.
Comentei também sobre o risco fiscal do Brasil que se agravou consideravelmente após as perdas ocasionadas pela recessão de quase 5% do PIB no ano de 2020 e pelo pagamento do Auxilio Emergencial, levando o Brasil à um déficit na ordem de R$ 700 bilhões.
Em dezembro do ano passado, com o fim do prazo estipulado para o pagamento do referido auxilio e demonstração de que a pandemia não estava controlada, tendo a segunda onda chegado ao estado do Amazonas e dando sinais que atingiram outras unidades da federação, a prorrogação do Auxilio Emergencial se demonstrou tão importante quanto a sua criação, uma vez que o Brasil, até meados de janeiro de 2021 não tinha um cronograma de vacinação contra o vírus devidamente elaborado e divulgado para a população em geral.
Abro um parêntese aqui para falar um pouco sobre a desorientação relativa a campanha de vacinação, em que até hoje não temos clareza de quantas doses o Brasil conseguirá adquirir e qual percentual da população teremos imunizados neste primeiro semestre. Para exemplificar, após 27 dias de iniciada a vacinação no país, o equivalente a 0,10% da população recebeu as duas doses que garantem a eficácia da vacina.
A equipe econômica sabe muito bem que a responsabilidade deve ser diretamente proporcional na continuação do Auxilio Emergencial quanto com o zelo pelo lado fiscal do país.
E após a vitória do Centrão, apoiado pelo Presidente, para comandar a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, a esperança seria que medidas consideradas urgentes para destravar a economia e criar condições do Brasil se solidificar no que diz respeito ao lado fiscal, seriam aprovadas e, aí sim, a continuação do Auxilio Emergencial seria fundamental para a garantia de que a economia reagisse de maneira eficaz neste início de 2021.
Porém, como no Brasil o esperado nem sempre é o entregue, temos agora uma nova carta posta a mesa.
O Auxilio Emergencial sendo pago através de PEC – Proposta de Emenda a Constituição – que cria cláusula de calamidade, permitindo que o pagamento do benefício seja realizado fora do Teto de Gastos. O Brasil está optando ir pelo lado mais fácil, do que enfrentar velhos problemas que possuímos, que inclusive foi promessa de campanha do atual governo, criando condições de crescimento de maneira eficiente.
O Brasil precisa de equilíbrio entre promover a prorrogação por mais alguns meses do Auxilio Emergencial e não deixar de lado a questão fiscal e as reformas que tanto foram prometidas pela equipe econômica nos últimos dois anos. Somente esta equação, bem executada, será capaz de deixar o Brasil com crescimento satisfatório nos próximos anos, taxa de juros a níveis historicamente baixos e inflação controlada.