Dólar supera a R$ 5,96 e caminha para recorde com cenário externo negativo
O dólar sobe frente ao real, nesta quinta-feira, 14, refletindo o movimento de valorização da moeda no mundo. A alta se deve à maior aversão a risco entre os investidores, preocupados com a crescente tensão entre China e Estados Unidos. Às 11h10, o dólar comercial subia 1,0% e era vendido por 5,962 reais, caminhando para um novo recorde de fechamento.
O mercado ainda repercute as recentes ameaças do presidente Donald Trump à China. Ontem, Trump usou sua conta do Twitter para voltar a responsabilizar o país asiático pela pandemia de coronavírus covid-19 e também afirmou que nem mesmo “cem acordos comerciais” fariam alguma diferença.
A postagem ocorreu após navios militares dos EUA entrarem no Mar da China e se aproximarem de uma embarcação contratada pela companhia nacional de petróleo da Malásia. A movimentação foi vista como um sinal de afronta à China, que se opõe à extração de petróleo por outros países no local.
Para Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora, há a preocupação de que a guerra comercial volte com intensidade. “A situação está mais acentuada. Um conflito comercial provocaria uma redução do consumo global e a desaceleração da economia”, afirmou.
Com a incerteza sobre até onde pode ir a tensão entre os dois países, aumentam as buscas por proteção em dólar. “Em um cenário desses, a primeira coisa que o investidor faz é tentar não perder dinheiro. Então ele corre para os títulos americanos ou faz hedge em dólar”, disse Velloni.
O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, também continua pressionando os mercados. Na fala de ontem, Powell descartou a possibilidade de juros negativos nos EUA e afirmou que a retomada da economia deve ser mais lenta do que vinha sendo esperado.
Nesta manhã, os dados americanos apontaram para mais 2,981 milhões de pedidos de auxílio desemprego dos EUA. De acordo com Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, os números, que voltaram a ficar acima das expectativas, ajudam a reforçar a percepção de que a recuperação da economia não será em formato de “V”. “A economia americana não vai voltar como se imaginava há duas ou três semanas atrás. Pode ameaçar recuperar e depois cair novamente”, disse.
No exterior, o dólar ganha força contra as principais moedas do mundo, emergentes ou não. O índice Dxy, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de divisas desenvolvidas subia 0,27%.
Na sessão anterior, o dólar chegou a abrir em queda, mas virou, após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, descartar a política de juros negativos nos Estados Unidos, e encerrou 5,901 reais.