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DIÁRIO MÉDICO: CAÇANDO A ATEROSCLEROSE

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A doença mais prevalente no meu consultório sem dúvida é a dislipidemia – famoso colesterol elevado. Em São Paulo mais de 58% da população tem dislipidemia. HDL baixo (colesterol bom, protetor) é a de maior prevalência. O aumento de LDL (colesterol ruim) e de triglicérides também são outras formas principais, e também é comum a dislipidemia mista, uma junção de dois ou mais tipos de dislipidemia.

Não tem cura, tem origem genética na maioria dos casos, com uma dificuldade de metabolização hepática da gordura ingerida na dieta. Basicamente o HDL pode ser obtido de fontes ricas em ômega 3 e 6 (castanha do Pará, peixes marinhos de águas profundas como salmão – atum – sardinha, azeite extra virgem), LDL aumenta com consumo de frituras e gordura animal principalmente carne vermelha e derivados de leite, e triglicérides com gordura vegetal que vem de refrigerantes, bebidas alcoólicas e derivados de farinha. Dieta e exercício são pilares principais do tratamento.

Afora em alguns casos de níveis extremamente elevados de triglicérides poderem causar uma doença grave chamada pancreatite, e de LDL ou mesmo triglicérides poderem causar quadros de vertigem – tontura, em geral é uma doença assintomática. Só descoberta por dosagem de colesterol com suas frações e triglicérides.

Mas se não tem sintomas quase – porque tratar e em casos que não há controle porque se faz necessário uso de medicações como estatinas, fibratos entre outros para tratar?

O motivo é uma consequência não só da dislipidemia, mas também de outros fatores como tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, idade, genética, estresse – o entupimento das artérias por deposição de placas de gordura, a aterosclerose.

Quando a aterosclerose é grave, ela pode causar angina ou infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência arterial periférica entre outras manifestações. Basicamente o fluxo de sangue diminui pela obstrução grave e órgão afetado apresenta lesão por conta disso – que chamamos de isquemia. Amputação parcial de membros, acamamento por sequela motora, insuficiência cardíaca, disfunção erétil, morte súbita – há uma série de consequências graves desses eventos.

Mas qual o nível para se tratar com remédio? Aí que mora o segredo. Usamos as variáveis do paciente: idade, sexo, pressão arterial, nível de colesterol total e de HDL, uso de medicação para hipertensão arterial e dislipidemia, presença de diabetes ou aterosclerose leve ou grave sintomática e calculamos o risco de em 10 anos o paciente ter um evento em geral angina / infarto ou acidente vascular encefálico. Quanto maior o risco calculado, menor deve ser o valor do LDL. Triglicérides tem sempre a meta atual em jejum < 150 mg/dl, e HDL vive a máxima quanto maior melhor, mas menor que 40 mg/dl é sempre ruim.

Nesse cálculo as vezes chegamos a um nível intermediário de risco. É esse paciente o maior desafio. Porque ele requer uma estratificação de risco maior. É de bom tom procurar aterosclerose nesse paciente. Em teoria podemos procurar em qualquer artéria, com ultrassom, doppler, tomografia, ressonância magnética arteriografia. Cada caso requer um tipo de investigação. E isso muda a vida do doente. Pois existe a prevenção primária, que é feita para evitar a doença, e a secundária, que é feita para tratar numa doença já instalada. Aterosclerose leve já da um risco de mais de 20% pelo menos de infarto ou acidente vascular encefálico em 10 anos!!! Nos estados unidos mais de 25% dos óbitos anuais são decorrentes da aterosclerose!

O tratamento muda a partir da aterosclerose. As estatinas se tornam mandatórias, pois além de controlar o colesterol LDL que deve ser no mínimo < 70 mg/dl nesses pacientes, também tem um efeito direto na placa de gordura, estabilizando ela e diminuindo sua progressão e risco de rompimento e trombose – sim porque as vezes placas pequenas se rompem e o coagulo formado consequentemente nessa área pode levar a um evento agudo também! O uso de antiagregantes plaquetários (ácido acetil salicílico, clopidogrel entre outros) também se faz necessário a partir da aterosclerose para prevenir esses eventos.

Consulte o seu clínico, seu cardiologista. As consultas de rotina de adultos devem sempre incluir no mínimo 1x ao ano a dosagem de colesterol total e frações e triglicérides e glicemia entre outros exames, além de toda a avaliação clínica que vai definir a necessidade de tratamento ou de caçada a aterosclerose, para podermos prevenir eventos isquêmicos, melhorar e prolongar seus anos de vida.

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