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Crise do setor aéreo na América Latina aponta futuro com menos competição

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As companhias aéreas em recuperação judicial Latam e Avianca Holdings estão reduzindo suas ambições e a competição na América Latina segue mesma tendência, com empresas antes rivais considerando movimentos de cooperação antes impensáveis.

Desde maio, a Latam saiu da Argentina se aliou à antiga rival Azul no Brasil e reduziu operações domésticas no Chile, enquanto a Avianca abandonou o Peru.

A escala dos movimentos pode remodelar o futuro do setor de aviação da América Latina, enfraquecendo a competição regional e aumentando preços de passagens, enquanto ajuda algumas das empresas aéreas a sobreviver. “Mais que consolidação, muitas companhias aéreas vão desaparecer”, disse Eliseo Llamazares, consultor do setor aéreo na KPMG. No Equador, a estatal Tame foi liquidada. No México, a Interjet reduziu sua malha.

“Se esta tendência continuar, a conectividade na região será afetada”, disse Peter Cerda, vice-presidente para as Américas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). “Menos conectividade significa menos escolhas e menos escolhas normalmente se traduz em preços maiores.”

Uma companhia aérea que pode se beneficiar do processo é a chilena JetSMART, que avaliar entrar no mercado doméstico brasileiro. A empresa é controlada pela companhia de investimentos de risco Indigo Partners, que também controla as aéreas Frontier e Wizz Air. O fundador da Indigo Partners, Bill Franke, afirmou à Reuters que avalia ajudar na reestruturação da Avianca, o que poderia colocar a empresa mais perto da JetSMART. A Avianca não comentou o assunto.

“Sobrevivência”

Se a JetSMART se expandir no Brasil, a empresa vai chegar em um momento em que a competição encolhe no país. “A JetSMART no Brasil vai causar estragos nas atuais empresas”, disse um executivo do setor.

A epidemia de coronavírus tornou a competição uma preocupação secundária, evidenciada pela falta de resposta contra o acordo de codeshare entre Latam e Azul. O acordo seria “inalcançável antes”, disse Carlos Ozores, consultor de aviação da ICF. O acordo atual se aplica apenas sobre rotas que não se sobrepõem, mas a Latam afirmou que está “aberta a avaliar a possibilidade de uma expansão futura do acordo” sobre rotas coincidentes.

“Pode ser o primeiro passo para uma integração mais profunda, mesmo uma fusão”, disse Andre Castellini, consultor de aviação da Bain & Company. Latam e Azul negam negociações sobre fusão, mas uma fonte com conhecimento do acordo afirma que tal arranjo “é possível”. “Falar em competição neste contexto (de pandemia) não faz sentido, isso é uma luta por sobrevivência”, disse Castellini.

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