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Com ameaça fiscal, Ibovespa vira para queda e perde os 114 mil pontos

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Ibovespa passou batido pelo pessimismo das bolsas americanas na maior parte desta segunda-feira, 7, mas virou para queda no final da sessão pressionado por uma possível tentativa do governo de contornar o teto de gastos e pela baixa nos papéis da Petrobras. Mais cedo, o índice superou pela primeira vez desde fevereiro a marca dos 114.000 pontos, mas acabou encerrando o dia em queda de 0,14%, aos 113.589 pontos. Com o resultado, o Ibovespa colocou fim em uma sequência de quatro altas consecutivas.

O Estadão/Broadcast publicou na tarde de hoje uma reportagem afirmando que o Congresso quer abrir caminho para despesas fora do teto de gastos pelo período de um ano, desde que sejam bancados com receitas vindas da desvinculação de fundos públicos.

Segundo o jornal, a proposta constaria na minuta do substitutivo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial, enviada hoje pelo relator, senador Márcio Bittar (MDB-AC), a lideranças do Senado após meses de impasse. Antes do fechamento do mercado, o Ministério da Economia publicou nota reiterando ser contra qualquer proposta que trate da flexibilização do teto de gastos. Não foi o suficiente.

“A informação de que o governo quer contornar o teto de gastos assustou bastante o mercado, tanto que o índice chegou a recuar mais de 1% antes da declaração do Ministério da Economia. Ainda assim ainda restam muitas dúvidas sobre o direcionamento do governo e essa deve ser uma questão que vai continuar a impactar a bolsa”, afirmou Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos.

Fora o cenário político, o destaque negativo, em pontos, foi da Petrobras (PETR3; PETR4), que enfrentou um dia de realização de lucros acompanhando os preços do petróleo no mercado internacional. No campo oposto, se destacaram os gigantes do setor bancário e a Vale (VALE3), que continuou operando em alta impulsionada pelo minério de ferro.

Apesar da queda da Petrobras e do Ibovespa, ainda existe espaço para um movimento de recuperação dos papéis que mais perderam na crise do coronavírus segundo Bruno Guimarães, head de renda variável da EWZ Capital. “Os bancos ainda estão com preço muito descontado em relação ao Ibovespa e têm um peso muito forte no índice. São papéis que têm espaço para continuar subindo e embarcar em um rali de final de ano que acabe ajudando o mercado doméstico”, disse.

Houve também reviravoltas no mercado de câmbio. O dólar fechou estável contra o real nesta segunda-feira, com uma onda de compras perto do fim da sessão que tirou a moeda de uma trajetória de renovação das mínimas. A divisa americana fechou a 5,12 reais. A cotação estava em 5,08 reais por volta de 16h45, o que representa uma queda de 0,88%, nos 15 minutos que antecederam o encerramento das negociações. Ao longo do dia, a moeda oscilou entre 5,1709 reais no começo do pregão (alta de 0,89%) e queda de 5,0575 reais (-1,32%) no início da tarde.

Lá fora, os mercados globais operavam em baixa refletindo as preocupações econômicas relacionadas ao aumento das restrições da Covid-19. As autoridades da Califórnia, o estado mais populoso dos Estados Unidos, impuseram nesta segunda-feira grande um lockdown parcial depois do recorde da véspera de mais de 30 mil novos casos de coronavírus registrados na região.

Entre os principais índices do mercado americana, o Dow Jones caiu 0,60%, enquanto o S&P 500 perdeu 0,19%. O índice Nasdaq, beneficiado pelos temores de novas restrições que aumentam a procura por papéis de tecnologia, avançou 0,45%.

Apesar do clima negativo, congressistas americanos chegam cada vez mais próximos de um acordo bipartidário para a aprovação de um novo pacote de estímulos, que poderia injetar 908 bilhões de dólares para a recuperação da economia americana da pandemia. Desde o início do segundo semestre, republicanos e democratas vêm negociando um novo pacote para econômico, mas entraves políticos vinham sendo obstáculos para o plano sair do papel.

Os investidores também seguem atentos às novas ofensivas dos Estados Unidos contra a China. De acordo com a Reuters, o governo americano prepara sanções contra os país asiático por terem desqualificado parlamentares eleitos em Hong Kong. Nesta segunda-feira, Pequim respondeu que se opõe a qualquer tentativa de interferência em assuntos internos. Ainda segundo a Reuters, o Ministério de Relações Exteriores da China disse que pode “adotar contramedidas firmes para resguardar sua soberania e segurança”, caso os EUA insistam em “trilhar o caminho errado”.

Na Europa, os mercados fecharam em baixa na segunda-feira, com temores de um Brexit sem acordo comercial. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda 0,3%, com a maioria dos índices da região terminando o dia em território negativo. O FTSE 100, de Londres, superou seus pares regionais graças a uma libra enfraquecida e encerrou o pregão em leve alta de 0,08%.

Por aqui, o mercado também avaliou pela manhã os efeitos do veto do Supremo Tribunal Federal (STF) à possibilidade de o deputado Rodrigo Maia e o senador Davi Alcolumbre se reelegerem à presidência de suas respectivas casas legislativas. Embora a decisão abra as portas para as incertezas que vêm acompanhadas de novos nomes que assumirão a Câmara e o Senado pelos próximos dois anos, a repercussão foi positiva.

Para Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti, o resultado foi favorável. “Uma ala do mercado, a qual me incluo, tem visto o cenário como positivo, porque o Maia tem sido um entrave para o governo no que tange o andamento de reformas e privatizações. Dependendo de quem assumir, talvez destravem essa agenda”, comentou.

Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, também considerou a decisão positiva. “[Os ministros do STF] respeitaram o que devia ser respeitado, que é a Constituição. Isso não tem lado, é bom para o Brasil”, disse. Laatus, porém, não considera que o Maia tenha atrapalhando o andamento das pautas econômicas do governo. “Ele até ajudou. Agora Maia vai querer colocar um candidato dele para assumir a presidência da Câmara. E se conseguir, vai ser uma grande derrota para o governo.”

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