“A agricultura, o comércio e a indústria são os verdadeiros sustentáculos da independência nacional.”
— José Bonifácio de Andrada e Silva
Vivemos um tempo curioso. Em pleno século XXI, quando a estabilidade econômica deveria ser ponto pacífico para qualquer nação que se queira desenvolvida, a figura do empresário ainda é retratada como vilão em muitas narrativas políticas, regulatórias e, infelizmente, institucionais.
Talvez seja pela facilidade de atacar quem cria riqueza, quem assume risco e quem não depende do Estado para gerar emprego. Ou talvez seja porque a cultura do ressentimento se propaga com mais velocidade do que a compreensão da lógica econômica.
Mas o fato é: não existe trabalhador sem empregador. Não existe movimento econômico sem negócio. E não existe crescimento sustentável sem quem invista, acredite e construa.
O Estado que encarece o empreendedorismo
Nos últimos anos, temos assistido a um verdadeiro festival de obstáculos institucionais contra quem empreende. O excesso de burocracia, a instabilidade regulatória, as decisões judiciais contraditórias e o vai-e-volta legislativo produzem um ambiente onde o risco de empreender é penalizado — não reconhecido.
O empresário brasileiro não quer subsídio eterno, nem moleza. Quer previsibilidade, respeito e incentivo à produção. Quer um Estado que compreenda que ele não é adversário da sociedade, mas parte da engrenagem que a sustenta.
“Não é da benevolência do padeiro, do cervejeiro ou do açougueiro que esperamos o jantar, mas do interesse que eles têm em seus próprios negócios.”
— Adam Smith
A frase de Smith, escrita no século XVIII, continua atual. O interesse legítimo do empreendedor em obter lucro não é antagônico ao bem comum. Ao contrário, é sua força motriz. O lucro, nesse caso, é o que move o investimento, que gera empregos, que sustenta famílias, que gira a economia. É círculo virtuoso, não vício.
O Tocantins precisa olhar com mais empatia para quem empreende
Em Tocantins, já se avançou muito na concessão de incentivos fiscais e simplificação de trâmites, mas ainda convivemos com insegurança jurídica, instabilidade regulatória e retrocessos ambientais e fiscais que afetam diretamente o investidor.
Exemplo recente foi a derrubada da Lei Estadual de Licenciamento Ambiental, que havia sido aprovada com a promessa de facilitar a vida do setor produtivo. Em poucos meses, o STF declarou a lei inconstitucional. O resultado? Empresas que estavam se estruturando ficaram à mercê de uma nova interpretação — e de mais demora. Esse tipo de oscilação afasta investimento e mina a confiança do empresariado.
No Brasil, a regra do jogo muda com o jogo em andamento. E isso não atrai quem deseja construir algo duradouro.
A classe empresarial precisa de voz – e já começa a se articular
A classe empresarial não pode depender apenas da boa vontade do Estado. Precisa se organizar, se fortalecer e se representar.
É nesse contexto que entidades como a Aciara – Associação Comercial e Industrial de Araguaína – tornam-se ainda mais relevantes. A Aciara vem exercendo um papel importante na mediação entre poder público e setor produtivo, promovendo capacitação, debate técnico e defesa institucional das empresas da região.
Movimentos associativos assim são o antídoto para o isolamento do empresário. São ferramentas para que a classe seja ouvida de forma qualificada, com dados, com argumentos e com legitimidade. E mais do que isso: são espaços onde o setor privado constrói uma visão coletiva de desenvolvimento — que vai muito além do lucro individual.
O Brasil que queremos começa com a liberdade de empreender
“A liberdade econômica é a base de todas as outras liberdades. Sem ela, não há como manter-se qualquer outra.”
— Milton Friedman
A construção de um país forte, justo e próspero passa obrigatoriamente por uma aliança entre Estado e iniciativa privada. Um Estado que reconhece no empresário um parceiro, e não um inimigo. Uma sociedade que compreende que todo avanço social precisa ser sustentado por geração de riqueza real, não por retórica.
A liberdade para empreender, inovar e prosperar não pode ser tratada como privilégio, mas como política de Estado. O Brasil precisa parar de desconfiar de quem trabalha duro e começar a confiar no que o setor produtivo pode entregar.
Porque, no fim das contas, não há revolução social sem desenvolvimento econômico. E não há desenvolvimento sem quem tenha coragem de empreender.
Por Roger Sousa Kühn – Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais
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