Enquanto o setor agropecuário aguarda o resultado dos exames enviados para análise no Canadá, que vai definir se o caso de vaca louca do Pará é atípico ou não, entidades ligadas ao setor pedem a revisão ou a revogação do acordo sanitário assinado entre Brasil e China.
Isso porque o acerto em vigência determina a interrupção imediata das exportações de carne bovina brasileira ao país asiático, antes mesmo da confirmação em laboratório.
Em entrevista exclusiva concedida ao Canal Rural na última quinta feira (23), o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, disse que o caso do Pará deve se tratar mesmo de um caso atípico da doença. O resultado dos exames enviados para análise no Canadá devem sair ainda nesta semana. “O processo começa já evoluir para a retomada natural das nossas exportações”, afirmou Fávaro.
O atual protocolo sanitário entre Brasil e China foi assinado em 2015 pela então ministra da Agricultura, Kátia Abreu. O documento prevê que em caso de surgimento de um caso confirmado, mesmo que atípico, as exportações de carne bovina devem ser automaticamente interrompidas.
A Câmara da Pecuária do Estado de São Paulo encaminhou ao titular do Mapa um ofício pedindo que a pasta reveja esse acordo com a China. O documento pede para que o Vrasil consiga não só reverter o embargo à carne bovina brasileira, mas também inclua uma viagem à China para a mudança ou até mesmo a revogação do protocolo sanitário entre os dois países.
Além disso, o ofício lembra que nas últimas duas ocorrências da doença no Brasil em 2015 (e que foi solucionada em 13 dias) e outra em 2021 demonstram de forma determinante o quanto instáveis são as regras chinesas quando se trata dos seus interesses.
Na entrevista ao Canal Rural, Carlos Fávaro também explicou por quais razões o protocolo foi assinado. Por fim, citou quais as possibilidade de uma revisão neste momento.
“É que aquilo que foi possível num momento anterior para nós abrirmos a exportação”, disse o titular do Mapa. “E a exportação para a China é muito relevante para o Brasil, é algo em torno de US$ 8 bilhões por ano, 61% das nossas exportações, então foi uma exigência feita por eles que nós que tivemos que acatar ou não abrir o mercado. Foi uma tomada de decisão assertiva de quem me antecedeu”, disse o ministro.
“A partir do momento que a gente mostra toda essa transparência quando é detectado um caso, toda essa celeridade, toda essa análise, a gente ganha credibilidade e podemos chamar a rever esse protocolo. Tudo no seu tempo, tudo na hora certa”, comentou Fávaro.
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