Para o professor e cofundador da BioNTech, Ugur Sahin, que lidera o desenvolvimento da vacina da farmacêutica americana Pfizer contra o novo coronavírus, a vida deve voltar ao normal no final de 2021. Em entrevista à emissora britânica BBC, Sahin afirmou que “espera que novas análises dos resultados apresentem tanto uma redução da transmissão do vírus entre as pessoas quanto um bloqueio ao desenvolvimento dos sintomas por quem for infectado”.
“Estou muito confiante de que a transmissão entre as pessoas será reduzida por uma vacina tão eficaz. Talvez não 90%, mas talvez 50%. Não devemos, entretanto, esquecer que mesmo isso pode resultar em uma redução dramática da propagação da pandemia”, disse ele à BBC.
Nesta segunda-feira, 9, a Pfizer divulgou novos resultados da última fase de testes de sua vacina. Segundo a companhia, a vacina experimental se mostrou mais do que 90% eficaz em participantes que não tiveram infecções pela covid-19 depois de uma semana da administração da segunda dose necessária da imunização.
A análise da farmacêutica avaliou que 94 dos 43.538 voluntários que participam dos testes foram infectados pela doença. São necessários 164 casos confirmados para caracterizar a vacina como totalmente funcional.
A expectativa da Pfizer é pedir uma aprovação emergencial ao Food and Drug Administration (o FDA, espécie de Anvisa americana) na terceira semana deste mês.
Recentemente foi divulgado, segundo os executivos da companhia, que é possível que a imunização fique disponível até o final de 2020. Para o presidente da companhia, Albert Bourla, a Pfizer poderá fornecer cerca de 40 milhões de doses nos Estados Unidos se os testes clínicos em fase 3 continuarem “conforme o esperado” e se os órgãos reguladores aprovarem o uso emergencial dela. A empresa espera produzir até 100 milhões de doses até o fim do ano. Outras 1,3 bilhão de doses podem ser fabricadas no ano que vem.
Mais dados sobre a eficácia da vacina devem ser compartilhados em breve. Essa é a primeira análise preliminar de fase três divulgada pela Pfizer.
Como é feita a vacina da Pfizer e da BioNTech?
A vacina da Pfizer, com base no RNA mensageiro, é administrada em duas doses para chegar a uma eficácia maior — e as doses precisam ser administradas com uma distância de três semanas entre elas. A companhia também afirma que a vacina é capaz de produzir mais anticorpos neutralizantes da covid-19 uma semana após a segunda dose ser administrada. O que pode levar tempo.
Outras companhias também trabalham com uma proteção de duas doses, como é o caso da Moderna, que administra a imunização com um intervalo de quatro semanas, e a da AstraZeneca com a universidade de Oxford, que está, atualmente, testando duas opções, uma com apenas uma dose da vacina e outra com duas doses dadas após dois meses da primeira.
Uma vacina com duas doses requer o dobro de frascos, de siringas, de refrigeradoras, e de visitas clínicas em tempos de limitação de recursos no mundo todo. É preciso também levar em conta que nem todos que foram vacinados com a primeira dose podem se vacinar com a segunda, seja por falta de informação ou por acharem que somente uma já é o suficiente.