A explosão que aconteceu na região portuária de Beirute na manhã desta terça-feira, 4, deixou pelo menos 3.700 feridos e 73 mortos, segundo contagem oficial do governo do Líbano.
As possíveis causas estão sendo investigadas, mas a suspeita é de que um armazém com grande quantidade de nitrato de amônio pode ter provocado o acidente. Por enquanto, descarta-se atentado terrorista. Para o diretor-geral de Segurança Geral, Abbas Ibrahim, “as violentas explosões podem estar ligadas a materiais explosivos confiscados e mantidos em um armazém por anos.”
Hassab Diab, primeiro-ministro libanês, declarou luto oficial de três dias e que o governo vai investigar os responsáveis pelo armazém que funciona no porto da capital desde 2014.
Os hospitais do Líbano, segundo a mídia local, declararam que não podem mais admitir nenhum paciente e que estão fazendo campanha para doações de sangue. O governo da capital pede que os feridos sejam levados para atendimento em centros de saúde de fora da cidade.
Segundo a Cruz Vermelha, barcos foram mobilizados para resgatar pessoas que foram jogadas ao mar após a explosão. Também segundo a organização humanitária, ainda há gente presa nos escombros e dentro de suas casas.
Como foi a explosão
Em vídeos publicados nas redes sociais, é possível ouvir um forte barulho, seguido por uma nuvem de fumaça que lembra o formato de um cogumelo — comum em situações em que há explosão de bombas. A explosão mais forte parece ter acontecido depois de outra, mais fraca.
Há relatos também de danos causados em prédios vizinhos ao local que fica localizado na zona portuária da cidade e de caos nas ruas da região central. Segundo a rede televisiva libanesa LBCI, foram registrados danos na residência do ex-primeiro-ministro Saad Hariri, que fica no centro de Beirute. Além dos vídeos em que é possível ver a explosão, pessoas têm publicado imagens de como a cidade está no momento. É possível ver muita poeira, carros amassados e janelas de prédios quebradas.
Nitrato de amônio: o que é e por que é perigoso
Segundo o primeiro-ministro libanês, pelo menos 2.700 toneladas de nitrato de amônio armazenados de maneira inadequada foram os responsáveis pela explosão no Líbano. Resquícios da substância já se espalharam na atmosfera e há indícios de que chegaram até a Síria.
O nitrato de amônio é um composto químico, um sal cristalino inodoro, incolor ou branco, produzido pela reação da amônia e do ácido nítrico que não é perigoso por si só, mas quando tem contato com produtos ou materiais oxidantes, ou quando aquecido, por correr risco de ignição. Ao entrar em combustão, ele gera o óxido nitroso, que pode agravar o efeito estufa e ser 273 vezes mais nocivo do que o dióxido de carbono. Somente sob condições extremas de calor e pressão em um espaço confinado o nitrato de amônio explodirá. Caso ocorra tal incidente, pode haver uma nuvem visível de amônia, dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio.
Ele também tem sérios efeitos na saúde humana, como irritações nos olhos, na pele e no trato respiratório, e até no sangue, devido uma substância presente no nitrato, causando uma doença chamada metahemoglobinemia, ou doença do bebê azul. Se o produto químico for inalado, pode causar uma infecção do trato respiratório. De acordo com o Nortech Labs, entre os sintomas de infecção por nitrato de amônio estão: tosse, dor de garganta, falta de ar e asfixia.
Considerado um componente importante para misturas de fertilizantes, ele fornece fonte de nitrogênio para plantas, o que aumenta o crescimento e o rendimento das culturas. Pequenas quantidades de nitrato de amônio também são vendidas como aditivo para mineração de explosivos e outros usos não agrícolas.