Foi reinaugurada em Silvanópolis – TO, na região sudeste do Tocantins, a central de recebimento de embalagens vazias, que conta agora com mais espaço de armazenamento para suprir as demandas do estado. A ampliação permite o descarte correto de até 400 toneladas de embalagens por ano e evidencia a responsabilidade ambiental dos produtores tocantinenses.
A unidade é ligada à FENACE – Federação Nacional das Associações de Centrais e Afins e no Tocantins estão presentes duas centrais e alguns postos, os quais realizam o recebimento e destinação das embalagens de defensivos agrícolas, sendo uma central em Silvanópolis, uma em Pedro Afonso, e os postos em Gurupi, Lagoa da Confusão, Araguaína e Tocantinópolis.
A unidade reinaugurada é administrada pela Associação de Revendedores de Insumos Agropecuários de Porto Nacional (AREIA) e tem como presidente Joaney Tavares dos Santos, que compartilha o comprometimento em fazer um trabalho de conscientização com os produtores. “Além de termos a preocupação de não recebermos embalagens que não sejam das revendas que fazem parte da associação, não recebemos embalagens que não sejam legalizadas, que a revenda não seja cadastrada na associação. O produtor tem que ter nota fiscal para entregar as embalagens, e uma coisa que sempre buscamos foi ter uma regulamentação para ter uma fiscalização melhor nas fronteiras para evitar os contrabandos, então trabalhamos junto com o Governo do Estado para tentar formar uma lei para ter essa barreira de fiscalização”, conta.
O descarte correto de resíduos é um dos temas mais comentados quando se trata da sustentabilidade na produção agropecuária. Muitos setores, infelizmente, ainda deixam a desejar quando o assunto é a destinação final de produtos ou embalagens descartadas, uma realidade que, graças ao trabalho das associações, tem se mostrado diferente no Tocantins.
Para o Secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, César Halum, o serviço oferecido pela unidade fornece argumentos de defesa ao agronegócio. “Essa Central dá segurança ao consumidor de alimentos do Brasil em saber que nós tratamos os defensivos agrícolas com muita responsabilidade. O produtor rural tem um valor muito grande nesse trabalho, porque indiretamente ele contribui financeiramente para isso, porque se as revendas são associadas, todos eles contribuem sem reclamar, e tem a alegria de poder mostrar que estão fazendo de forma correta, defendendo os interesses da população. Uma unidade de recolhimento dessas nos dá munição muito grande de argumentos para defendermos o agronegócio,” agumenta Halum.
O descarte incorreto desses materiais em rios, solos e aterros sanitários causa graves impactos e eleva a poluição ambiental, como a contaminação de lençóis freáticos e mananciais. Por isso, no Tocantins é feito um trabalho de conscientização e recolhimento itinerante anual, em parceria com a ADAPEC, junto aos agricultores de Dianópolis, Porto Nacional, Paraiso do Tocantins e Araguaçú, de forma que são atendidos os pequenos produtores nos processos de devolução das embalagens vazias. Em 2020, a Central de Silvanópolis recebeu e destinou aproximadamente 390 toneladas de embalagens vazias.
Como funciona?
No Brasil, a venda de todo defensivo é identificada pelo comerciante, que também indica ao comprador onde as embalagens vazias devem ser entregues. O produtor rural tem um ano para entregar as embalagens nas unidades de recebimento, que devem ser lavadas e furadas antes da entrega.
Conforme o técnico responsável, Melque do Vale, para realizar a entrega o produtor deve, após fazer o uso do defensivo, lavar a embalagem ao menos três vezes (tríplice lavagem), perfurar e armazenar em local seguro até que seja feito o descarte. Já na Central, o material é separado e encaminhado para ser reciclado. As embalagens recicladas são transformadas em outros itens ou novas embalagens, tornando o sistema referência global com 94% de eficiência. O Tocantins, no entanto, não conta com uma incineradora licenciada ambientalmente, portanto o material é transportado até São Paulo ou Minas Gerais de forma segura.
“Nós sabemos que temos o dever e obrigação de tornar o meio ambiente seguro, então é papel da indústria, dos comerciantes e dos distribuidores custear esse sistema, por isso existe uma contrapartida dessas empresas de forma que possamos tornar o meio ambiente seguro. A ideia principal aqui é a sustentabilidade para cumprirmos nosso papel”, explica o técnico Melque do Vale.
Parceria e conscientização
São parceiros da central a ANDAV, a ADAPEC, a ATRIA (Central de Pedro Afonso), a ADIATO (Posto de Gurupi), órgãos de controle ambiental e prefeituras. Durante o período de funcionamento, todos os Distribuidores de Defensivos Agrícolas realizam investimentos e diversas atividades de educação ambiental, como palestras de conscientização, seminários em parceria com a APROSOJA, ANDAV e ADAPEC, para conscientizar a sociedade sobre o Uso Correto dos Defensivos Agrícolas. Para isso são investidos tempo e recursos que proporcionam aos produtores e à sociedade de uma forma geral, melhorias contínuas, para que estes possam devolver suas embalagens e seguir o que determina a Lei, para que o Tocantins continue sendo um estado com uma agricultura sustentável.