Suécia, campeã de mortes por covid-19, surpreende e cresce no 1º trimestre

A Suécia é o país do momento. Ao não seguir as recomendações de isolamento social da Organização Mundial da Saúde, virou palco de testes de uma polêmica experiência social, a imunização por rebanho.

Nas últimas semanas, foi usada como exemplo por quem apontava os riscos da falta de quarentena (por ter mais muitos mais casos e mortes que seus vizinhos), mas também por quem defendia a importância de manter a economia o mais aberta possível. É um exemplo comumente citado pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro, defensor da abertura econômica.

Eis que, nesta sexta-feira, a Suécia surpreendeu ao anunciar que seu PIB cresceu 0,1% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior. A previsão média de economistas ouvidos pela Reuters era de contração de 0,6%. É um dado que vai esquentar os debates, mas que não muda o cenário de médio prazo.

O banco central da Suécia havia anunciado em abril que a economia do país encolheria entre 6,9% e 9,7% em 2020, apesar das medidas menos rígidas de distanciamento social, com escolas, lojas e restaurantes abertos. O Instituto Nacional de Economia prevê uma retração de 7% em 2020.

O maior impacto das medidas de isolamento, mundo afora, devem ser sentidas no segundo trimestre. O Brasil, por exemplo, encolheu 1,5% entre janeiro e março, conforme anunciou nesta sexta-feira, mas anda assim deve encolher até 7% no ano. “O melhor trimestre para sentir o impacto em todo o ocidente é o segundo tri. A Suécia está dentro da Europa, e acaba afundando junto com os vizinhos. Do ponto de vista econômico, deixar o comércio aberto vai ter pouco efeito”, diz Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

A Suécia é atualmente o país com mais mortes por milhão de habitantes, segundo dados do Our World in Data compilados pela CNBC. Nos últimos sete dias a Suécia teve 5,5 mortes ao dia por milhão de habitantes, ante 4,5 mortes do Brasil e 3 mortes dos Estados Unidos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, esperar apostar na higiene pessoal e no bom senso da população, e contar com uma imunização de rebanho, como vem fazendo a Suécia, é “um cálculo muito perigoso”.

O país tem mais de 35 mil casos de coronavírus e 4.266 mortes, mais que Dinamarca, Finlândia, Islândia e Noruega somados. Noruega e Dinamarca anunciaram nesta sexta-feira que abrirão boa parte das economias a partir do dia 15, mas que deixarão a vizinha Suécia de fora. “Estamos em diferentes estágios em relação ao coronavírus”, disse a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.

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