Com a chegada do final do ano é comum fazer aquela lista de desejos. Muitos almejam sair do endividamento e ficar no azul no próximo ano. Os últimos dados da Peic (Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), apontavam que em novembro 25,7% das famílias brasileiras declararam estar com dívidas em atraso. Para as famílias com renda até 10 salários mínimos, o cenário é ainda pior: 67,4% delas afirmam estar endividadas.
Quem está no vermelho deve saber exatamente quais são as suas dívidas e os valores. Para isso, é possível consultar o seu CPF tanto no site da Boa Vista como na Serasa. A consulta também pode ser feita pelos aplicativos das duas empresas citadas. Desta maneira, a pessoa saberá quais as dívidas e os valores exatos.
Com isso em mãos, o caminho é tentar uma renegociação. É o que aconselha Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). “Não pague as dívidas sem acordo, é muito conveniente para os bancos destinar o pagamento de dívidas sem precisar revisar a correção dos juros. Na renegociação, avalie se vale a pena dar uma parte do 13° salário como entrada e parcele o saldo de acordo com a sua capacidade mensal de pagamentos e evite o parcelamento muito longo. Tanto para negociar como para quitar, solicite um desconto.”
Além disso, o consumidor deve fazer um diagnóstico financeiro, ou seja, entender exatamente quanto ganha e gasta por mês. Uma planilha de controle pode ajudar. Na internet existem diversas gratuitas que podem ser baixadas. O educador financeiro, Uesley Lima, orienta que o controle deve ter todas as fontes de renda e de gastos, além do salário ou outras receitas, assim como as despesas com moradia, alimentação, transporte, lazer e dívidas.
“Enquanto você ainda não consegue ter o padrão de vida que deseja e se manter no azul, elimine as despesas supérfluas ou não necessárias. Sim, é difícil, ainda mais com a quantidade de produtos e serviços que queremos adquirir, mas foque nas suas prioridades atuais. É um movimento a longo prazo: quanto tiver sua vida financeira controlada e saudável, você terá a oportunidade de comprar mais (e melhor) futuramente.”
Outra dica é evitar fazer novas dívidas. Lembre-se que no início do ano os gastos são maiores devido ao pagamento do IPTU, IPVA, matrícula e material escolar. Os últimos dois deverão ter uma adequação em função do distanciamento social, mas terão um custo. Vale focar no que for necessário e fuja das compras por impulso. Se for comprar, prefira o pagamento à vista, assim é possível conseguir até um desconto.
“O difícil ano de 2020 está chegando ao fim, não como esperávamos com o fim da pandemia, mas com muitos desafios financeiros, psicológicos e sociais com impactos profundos no cotidiano das famílias. Por isso, esse é o momento de olhar com cuidado para as finanças para tentar começar o ano com um pouco mais de planejamento”, finaliza a economista do Idec, Ione Amorim.CONSUMIDORES