A Rússia anunciou nesta segunda-feira (31), que o primeiro lote de sua vacina contra o novo coronavírus, a “Sputnik V”, está previsto para o começo do mês de setembro. De acordo com um cronograma publicado no site Clinical Trials, os testes de fase 3 da vacina (os últimos) começarão nesta semana, com 40 mil voluntários.
Uma vacinação em massa começará no país em outubro deste ano, um mês depois de a produção industrial da proteção, segundo uma autoridade russa.
“A vacina será primeiramente dada para trabalhadores da área da saúde e professores”, disse o ministro da Saúde Mikhail Murashko, afirmando também que ela não será obrigatória.
Segundo ele, em entrevista à agência de notícias russa Tass, as primeiras entregas em massa serão realizadas já neste mês.
A Rússia afirma que mais de 20 países fizeram pedidos de mais de 1 bilhão de doses da Sputnik V — e o Brasil está entre eles.
A expectativa é que a vacina entrará em circulação civil a partir do dia primeiro de janeiro de 2021, segundo um registro no site do ministério da saúde russo.
Se a vacina der certo, a Rússia ganhará a nova guerra fria em busca de uma proteção contra a covid-19. Estudos sobre a eficácia dela devem ser publicados já no final deste mês.
Além de aliviar a crise de saúde mundial, que já matou mais de 730 mil pessoas, seria um golpe nos Estados Unidos e no Reino Unido, que recentemente acusaram o país de hackear seus sistemas para derrubar pesquisas sobre vacinas contra a covid-19.
A vacina russa é baseada no adenovírus humano fundido com a espícula de proteína em formato de coroa que dá nome ao coronavírus.
É por meio dessa espícula de proteína que o vírus se prende às células humanas e injeta seu material genético para se replicar até causar a apoptose, a morte celular, e, então, partir para a próxima vítima.
Especialistas em saúde pública seguem prevendo as vacinas para meados de 2021.
De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) do dia 28 de agosto, 33 vacinas estão em fase de testes e outras 176 estão em desenvolvimento. Das 26 em testes clínicos, 6 estão na última fase. A vacina da Rússia agora está presente no relatório da organização.
A corrida pela cura
Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.
Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.