O dia começou com uma boa notícia sobre a pandemia do novo coronavírus. O Reino Unido, país mais afetado pela doença na Europa, aprovou na manhã desta quarta-feira, 2, o uso emergencial da vacina da farmacêutica americana Pfizer desenvolvida em parceria com a alemã BioNTech. No total, o Reino Unido pediu cerca de 40 milhões de doses do imunizante de duas doses — podendo vacinar 20 milhões de pessoas em um país que tem mais de 67 milhões de habitantes. Um bom começo.
Em um comunicado, o governo do país anunciou que a vacina estará disponível em uma semana, quando 800 mil doses chegarão ao Reino Unido vindas da Bélgica — onde a Pfizer está produzindo o estoque para os britânicos. Matt Hancock, ministro da saúde britânico, disse à emissora BBC que 400 mil pessoas serão imunizadas na semana que vem.
Hancock não deixou claro quantas doses estarão disponíveis até o final do ano. Mas o que tudo parece indicar é que nem toda a população será vacinada em 2021 — algo normal quando o assunto é vacinação. Isso porque é preciso pensar primeiro em grupos de risco, e então partir para a vacinação em massa.
As primeiras pessoas a serem vacinadas serão cuidadores em casas de repouso e seus pacientes, idosos acima dos 80 anos e profissionais da linha de frente da área da saúde e assistentes sociais. A priorização dos grupos depende do estoque de vacinas disponível.
Basicamente, a lista do governo britânico prevê que, depois dos grupos citados acima, serão vacinadas pessoas acima dos 75 anos, depois acima dos 70, seguidas por idosos acima dos 65 anos.
Após a vacinação focada em idosos (integrantes do grupo de risco da covid-19), serão vacinados indivíduos de 16 a 64 anos com problemas de saúde que os colocam em risco de morte. Em seguida, pessoas acima dos 60 anos, 55 anos e 50 anos.
A vacina da Pfizer, com base no RNA mensageiro, é administrada em duas doses para chegar a uma eficácia maior — e as doses precisam ser administradas com uma distância de 21 dias entre elas.
A companhia também afirma que a vacina é capaz de produzir mais anticorpos neutralizantes da covid-19 uma semana após a segunda dose ser administrada.
A imunização pode ter até 1,3 bilhão de doses globais produzidas no ano que vem — e 100 milhões até o final deste ano. Em novembro, as farmacêuticas mostraram que a imunização é 95% eficaz na prevenção da covid-19.
O fato de a vacina ser produzida com a tecnologia inédita do RNA mensageiro também pode afetar também, de certa forma, a distribuição da vacina.
As vacinas de RNA precisam ser armazenadas em temperaturas muito baixas, de cerca de -70ºC, enquanto vacinas de DNA podem ser guardadas em temperatura ambiente. Se a vacina da Pfizer for aprovada, transportá-la para outros países poderá ser um empecilho.
Mas existe uma vantagem em usar este metódo.
Com o RNA mensageiro, não há necessidade de cultivar um patógeno em laboratório, uma vez que é o organismo que faz todo o trabalho — o que pode permitir que a vacina seja fabricada mais rapidamente. Para produzi-la, não é necessário nenhum ingrediente como ovo de galinha, usado para a produção do imunizante contra a gripe. E elas podem ser produzidas em grandes quantidades de forma mais rápida.