A produção industrial no Brasil diminuiu 1,1% em 2019, em relação a 2018, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (4/2). A queda interrompeu a expansão atingida em 2018 e 2017, quando o setor industrial cresceu 1% e 2,5%, respectivamente. Das 24 atividades pesquisadas pelo IBGE, 16 tiveram queda no ano.
Segundo nota do gerente da pesquisa, André Macedo, “tiveram grande peso nesses resultados negativos os efeitos na indústria extrativa, em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho no início de 2019”. Outro fator impactante no setor industrial em 2019, segundo Macedo, pode ter sido as incertezas no ambiente externo e a situação do mercado de trabalho no país, que obteve avanços, mas permanece afetando a demanda doméstica.
O mês de dezembro registrou queda de 0,7%, entre o mês em questão e novembro do mesmo ano — segunda taxa negativa seguida. O acumulado de queda dos dois últimos meses do ano foi de 2,4%. É o pior resultado para meses de dezembro desde 2015, quando houve queda de 2%. Devido à queda registrada em dezembro, a indústria brasileira operou 18% abaixo de seu ponto mais alto, em maio de 2011.
O pesquisador ressaltou que, em termos de patamar de produção, os resultados de 2019 refletem como se estivéssemos regredindo para o ritmo de produção de janeiro de 2009. Além disso, ele frisou que os índices são os piores registrados desde maio de 2018, mês em que foi deflagrada a greve dos caminhoneiros, evento que impactou de forma negativa toda a economia do país.
Pressão negativa
O setor extrativista foi o maior impactante na queda de produção nacional de 2019, com recuo de 9,7%. Um dos motivos foi a tragédia de Brumadinho, em que a Vale, maior produtora de minério do país, precisou suspender a produção em diversas instalações após o rompimento de uma represa de rejeitos no município mineiro.
A contribuição negativa na indústria proveio também de metalurgia (-2,9%), celulose, papel e produtos de papel (-3,9%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-9,1%), outros equipamentos de transporte (-9,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,7%), produtos de madeira (-5,5%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-3,7%) e produtos de borracha e de material plástico (-1,5%).
Do lado positivo, os melhores resultados foram registrados em produtos alimentícios (1,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (2,1%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,7%), produtos de metal (5,1%) e bebidas (4%).
Segundo o gerente da pesquisa, o destaque positivo é relacionado a bens de consumo, tanto duráveis quanto não duráveis, que tiveram crescimento no ano. “Isso tem a ver com fatores pontuais, como a liberação de recursos do FGTS e a melhora, mesmo que gradual, do mercado de trabalho.”