A 20 dias do prazo final para a aprovação no Congresso da medida provisória que autoriza a privatização da Eletrobras, o agravamento da crise hídrica deve representar um elemento a mais no jogo político por trás da capitalização da maior empresa de energia elétrica da América Latina, na opinião de economistas e analistas políticos.
“Se tivermos uma crise hídrica severa, o mundo político vai ter um cuidado maior com o debate da privatização da Eletrobras, e o investidor tende a ficar atento a riscos e uma eventual judicialização”, diz Murilo de Aragão, cientista político e presidente da Arko Advice. “A oposição é contrária à privatização, assim como os sindicatos, o que colabora para o caldo de debate”.
No Congresso, a capitalização da empresa, considerada uma grande empregadora em regiões como o Norte e Nordeste, não é unanimidade nem entre a base aliada. O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) é uma das vozes contrárias à privatização e, por isso, teria pedido para não ser escolhido relator da medida provisória — seu colega de bancada, senador Marco Rogério (DEM-RO), vice-líder do governo no Congresso, acabou assumindo a missão nesta terça, dia 1º.
Um dos principais temores de aliados do governo no Congresso é que o aumento nos preços de energia provocado pela crise hídrica tenha um impacto negativo na privatização da Eletrobras junto à população. Até agora, a venda da empresa divide a opinião dos brasileiros.