O presidente da Embrapa, Celso Moretti, destacou nesta sexta-feira (5), o investimento em pesquisa para agricultura sustentável como uma das soluções mais eficientes para mitigar os impactos das mudanças climáticas. Moretti participa, em Glasgow, na Escócia da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26). Ele destacou a contribuição do Brasil com pesquisas para sustentabilidade na produção agropecuária brasileira.
“Falamos muito sobre a agricultura brasileira aqui na Conferência, mostrando que é possível produzir e preservar ao mesmo tempo. Se somos hoje um dos maiores produtores de alimentos, fibras e bioenergia do mundo, é graças ao investimento robusto e consistente em pesquisa, desenvolvimento e inovação agropecuária. Sempre digo que a agricultura é parte da solução para as mudanças climáticas e não parte do problema”, afirmou Moretti.
O presidente ressaltou a apresentação, no painel “Carbono Orgânico no Solo – Oportunidades e Desafios”, na COP26, da pesquisa liderada pela Embrapa Solos que resultou no lançamento do mapa de carbono orgânico dos solos brasileiros. “Mostramos que o Brasil é um dos maiores reservatórios deste recurso no mundo, com 36 bilhões de toneladas de carbono orgânico no solo, 5% do estoque global. O Brasil está em primeiro lugar entre os 15 países que detêm potencial para estocar carbono em nível global e o investimento em ciência no solo é fundamental para termos esta liderança”, frisou.
O mapa evidencia que as regiões da Amazônia e do Sul do país concentram os maiores estoques de carbono orgânico no solo e traz indicadores para direcionar novas pesquisas referentes aos solos brasileiros. “A Embrapa quer avançar nesses estudos. Os solos são entes vivos, com microrganismos que ajudam as plantas a se desenvolverem e serem mais produtivas”, ressaltou Celso Moretti.
Segundo o presidente, o estoque de carbono é fundamental para manutenção da matéria orgânica no solo e para reduzir as emissões de gases e as mudanças climáticas. “Qualquer tipo de matéria orgânica, como as raízes que ficam no solo ou em decomposição, são formadas por carbono orgânico. Quando este recurso é incorporado no solo, isso contribui para que este material não vá para atmosfera e não cause efeitos de mudanças climáticas”, explicou ele.
Soluções tecnológicas para Semiárido
O presidente da Embrapa destacou o investimento em pesquisas que apresentam soluções tecnológicas para o Semiárido brasileiro, proporcionando alternativas de convivência com a seca. Entre elas, a produção de fruticultura e a busca por insumos para desenvolvimento da agricultura sustentável.
“Temos, por exemplo, no Vale do São Francisco uma área irrigável onde lançamos tecnologias como uva BRS Melodia, com sabor de frutas vermelhas, que logo já estará nos supermercados da região Nordeste. Outra novidade é o bioinsumo baseado nas bactérias da raiz do mandacaru: isolamos este produto, que vai facilitar as lavouras na convivência com a seca”, exemplificou.
A BRS Melodia é uma cultivar de uva que se mostrou bem sucedida para cultivo em regiões tropicais do Semiárido, com sabor tutti-frutti e mix de frutas vermelhas, que lembra o morango. Já o Auras, nome comercial do bioinsumo obtido a partir da bactéria Bacillus aryabhattai tem potencial para aumentar a resiliência e a capacidade de adaptação das lavouras de milho ao estresse hídrico.
Celso Moretti destacou o investimento em soluções tecnológicas para as atividades da caprinocultura e ovinocultura no Nordeste brasileiro, em especial por meio do AgroNordeste. O programa está investindo em pesquisas para segurança alimentar de rebanhos, melhoramento genético, sistemas de produção sustentáveis, sanidade animal e agregação de valor a produtos dessas duas atividades em diferentes territórios do Semiárido.
O AgroNordeste é coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com o Projeto Dom Hélder Câmara e financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
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