A Prefeitura de Araguaína, por meio de agentes de endemias do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) iniciaram nesta segunda-feira, 1º, a entrega de cartas-convites nas residências para realização do projeto de testagem para a covid-19 em Araguaína. A pesquisa pretende descobrir o nível de infecção real da doença na população local, levando em consideração os casos de pessoas assintomáticas, além da população com sintomas leves, que não chegaram a procurar as unidades de referência e não entram para as estatísticas da Secretaria Municipal da Saúde.
Os testes serão realizados por meio de uma parceria entre a Secretaria Municipal da Saúde, UFT (Universidade Federal do Tocantins), Aciara (Associação Comercial e Industrial de Araguaína) e o Ministério Público do Trabalho, que direcionou os recursos para a aquisição dos testes. Serão selecionados por meio de sorteio moradores em todos os bairros da cidade, totalizando 536 pessoas testadas pelo sistema de amostragem.
“A testagem é voluntária, o agente de endemias do CCZ visita a residência sorteada e entrega a carta-convite ao morador. Caso o morador não aceite participar da pesquisa, outra residência será sorteada”, explicou o superintendente de Vigilância em Saúde do Município, Eduardo Freitas.
A aposentada Nora Fernandes, 66 anos, foi uma das primeiras a receber a visita da equipe da Vigilância Epidemiológica de Araguaína e diz ter ficado feliz com o convite. “Há muito tempo tenho vontade de fazer esse teste e acho muito importante este trabalho, conheço vizinhos que não apresentaram sintomas e acabaram contaminando toda a família, isso nos deixará mais seguros”, comentou.
As coletas serão feitas em um espaço cedido pelo Sindicato Rural de Araguaína e ocorrerão dos dias 8 a 12 de fevereiro por meio de agendamento. De acordo com a secretária da Saúde, Ana Paula Abadia, o resultado ajudará em novas medidas contra a pandemia, inclusive para o plano de vacinação. “Além do teste, uma equipe técnica da UFT aplicará questionário com as pessoas voluntárias no dia da testagem, sobre condições socioeconômicas, sintomáticas, contatos que tiveram a doença e outras variáveis que serão cruzadas para identificarmos as tendências de contaminação”.
Projeto inédito
Diferente do que foi realizado pelo Ibope e coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), esse projeto será dedicado à estatística no Município. “O estudo será complementar ao anterior, porque as 200 amostras feitas em municípios de todo Brasil deram o resultado nacional, mas a nível local não foi suficiente”, afirmou o professor da UFT José Carlos Ribeiro Júnior.
O projeto inédito, com 536 testes, segue um modelo matemático com amostragem superior à quantidade mínima necessária para uma cidade com 180 mil habitantes. O método prevê ainda dividir Araguaína em cinco regiões e aplicar mais testes em áreas que houver mais moradores por metro quadrado. Já as casas serão sorteadas e o morador aleatório, maior de 18 anos e que não teve diagnóstico de covid-19 será convidado a participar. O nível de confiança do estudo é de 95%.
Os exames
A pesquisa usará dois testes diferentes, o Elisa, que usa amostra de sangue para reações antígeno-anticorpo detectáveis, e RT-PCR, usa uma coleta de mucosa por swab.
O RT-PCR será realizado pela UFT para medir a carga viral da covid-19, mesmo em pessoas sem sintomas, enquanto o Elisa tem financiamento do Ministério Público do Trabalho e diagnóstico do Laboratório Analisys para avaliar se o morador já teve a presença do vírus no organismo, mesmo sem saber.
“Esse projeto é importante porque Araguaína está protagonizando muitas ações baseada em dados e pesquisas sobre a covid-19. Esse estudo feito pela UFT é um passo muito grande dado por esses pesquisadores que estão contribuindo com o combate ao novo coronavírus e norteando as ações dos gestores para o controle dessa doença em nossa cidade. A equipe da UFT está de parabéns e a Aciara se coloca como parceira para que esse projeto tome corpo e seja executado. Além de beneficiar nossa cidade, a pesquisa será referência para outros municípios e regiões no controle desse vírus”, informou a presidente da Aciara, Hélida Dantas.
Novo modelo
O professor doutor em microbiologista da escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFT, José Carlos Ribeiro Júnior, explica ainda que essa pesquisa é diferente da idealizada no início da pandemia, em abril. “Agora que conseguimos adaptar o método oficial, recomendado pela OMS. Aquele anterior é um modelo novo, desenvolvido na UFT, que custa um terço do valor comum, mas que precisa passar por todos os processos de aprovação e por isso não foi autorizado meses atrás”.
O teste para validação do novo modelo usou o exame pareado com o RT-PCR em 346 pacientes da Atenção Básica de Araguaína e alcançou eficiência em 95%.