O presidente de centro-direita de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, venceu a eleição para um segundo mandato neste domingo, mostraram as pesquisas, em uma eleição marcada por regras rígidas de saúde e segurança, enquanto o país luta contra uma terceira onda de contágio do coronavírus.
Pesquisas das principais emissoras TVI, RTP e SIC mostravam Rebelo de Sousa, de 72 anos, ex-comentarista de TV conhecido por sua personalidade forte e hábito de tirar selfies com apoiadores, com 56-62% dos votos, acima dos 52% que garantiram a sua vitória em 2016.
A candidata de esquerda Ana Gomes e o parlamentar de extrema direita André Ventura disputavam um distante segundo lugar, com as pesquisas dando a Gomes 13%-17% dos votos e Ventura, cujo partido Chega obteve apenas 1,3% dos votos nas eleições parlamentares de 2019, 9%-14%.
O presidente tem um papel quase decorativo, mas pode vetar certas leis e decretar estados de emergência, um poder que Rebelo de Sousa utilizou frequentemente durante a pandemia, seguindo a liderança do parlamento.
Os portugueses votaram mascarados, distanciados e cada um usando a sua caneta, seguindo medidas para prevenir o contágio durante o processo de votação.
Mesmo assim, quase dois terços dos portugueses achavam que as eleições deveriam ter sido adiadas por causa da pandemia, revelou uma sondagem do instituto ISC/ISCTE na semana passada.
“Como a data das eleições não foi alterada, decidi vir mais cedo para evitar essa situação”, disse Cristina Queda, 58, que chegou ao seu local de voto em Lisboa assim que abriu, às 8h, para “evitar grupos e filas”.
O país de 10 milhões de habitantes está passando por um grave surto de pandemia pós-Natal, com a maior média de novos casos e mortes per capita em sete dias, de acordo com o rastreador de dados da Universidade de Oxford.
O número de mortes por Covid-19 bateu recordes pelo sétimo dia consecutivo neste domingo com 275 óbitos, com hospitalizações também em recorde e ambulâncias em fila de espera durante várias horas nos hospitais de Lisboa lotados.
Pesquisas sinalizavam uma abstenção recorde, em parte porque 1,1 milhão de eleitores estrangeiros foram incluídos no registro eleitoral pela primeira vez – mas também porque centenas de milhares de eleitores estão em quarentena.
Ao votar numa escola de Lisboa, o primeiro-ministro Antonio Costa disse que “tudo foi feito para que as pessoas pudessem exercer seu direito democrático de voto”, apesar de o país estar numa fase muito grave da pandemia.