Médicos peritos do INSS iniciaram uma paralisação de 24 horas nesta segunda-feira. A adesão é parcial, mas já provoca transtornos na vida de quem tinha atendimento agendado para hoje. As perícias nas agências que aderiram à greve estão sendo remarcadas para a segunda quinzena de fevereiro.
A Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP) reivindica recomposição salarial de 19,99% — assim como outras categorias de servidores federais —, realização de concurso público, fim da teleperícia e edição de decreto regulamentar da carreira, previsto em lei, entre outros pontos.
A paralisação vai ampliar a fila dos que esperam a concessão de benefícios. Dados de novembro mostram que de 1.838.459 pedidos de benefícios, pelo menos 691.540 necessitam de avaliação da perícia médica para serem concedidos.
O número de pessoas na fila virtual que ainda aguardam atendimentos periciais não foi informado pelo INSS. Um total de 24 mil pessoas tinham perícia agendada para hoje no país.
A esteticista Regina Sales, de 50 anos, moradora da Penha, na Zona Norte, era uma que tinham atendimento marcado para hoje. Diagnosticada com duas hérnias de disco, ela foi a uma agência para fazer perícia e obter benefício por incapacidade temporária, o antigo auxílio-doença. Mas não conseguiu.
— Com problemas na coluna, fiquei aguardando quase duas horas em pé para remarcar o atendimento. Poderiam ter deixado as pessoas sentadas pra reagendar. Eram várias pessoas, e cada uma com um problema. É muito triste o descaso com as pessoas — lamenta Regina, que no início de janeiro conseguiu marcar atendimento pericial para o final do mês e, agora, terá que aguardar até 17 de fevereiro.
Ofício ao ministro do Trabalho e Previdência
— Algumas perícias são de benefícios assistenciais e de pessoas em situação de miserabilidade. O reagendamento pode colocar esse segurado na espera por mais um mês ou dois até a próxima perícia — critica Adriane Bramante, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP).
Atualmente, dos 3.411 médicos peritos em todo o país, 2.853 estão com agenda de atendimento. Os demais estão nos setores de gestão ou afastados.
Representantes da categoria entregaram um ofício ao ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, com as reivindicações e esperam por um posicionamento da pasta.
Em nota, o subsecretário de Perícia Médica Federal, Eduardo de Oliveira Magalhães, afirmou ser contra o movimento, principalmente por conta da pandemia e crise econômica que o país atravessa.
Procurada, a ANMP não se pronunciou sobre a situação dos atendimentos agendados para hoje. Já a Subsecretaria de Perícia Médica Federal informou que não há um plano de contingência para possíveis faltas, mas estuda como minimizar os danos aos segurados.