Ao observarmos uma cidade, não deveríamos ver apenas edifícios, mas o reflexo das escolhas políticas e de planejamento que moldam nosso dia a dia. Em Palmas, o que vemos é uma cidade voltada para o carro, não para as pessoas. A paisagem urbana, que vai muito além de árvores e jardins, revela como estamos sacrificando nossa qualidade de vida em nome de uma estrutura cara e desajustada às necessidades da população.
Nesta semana, no 17º ENEPEA, Encontro Nacional do Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, realizado na Universidade Federal do Tocantins (UFT), pesquisadores e urbanistas de todo o Brasil se reuniram para debater questões como essa. Um ponto crítico para qualquer cidade é a proporção entre a altura dos prédios e a largura das ruas, e em Palmas, com avenidas como a JK, essa proporção chega a 10 para 1 – 70 metros entre fachadas e uma altura média de 7 metros. Isso está bem distante do que recomenda autores como Mascaró, que defende uma proporção ideal de 1 para 1, criando um espaço mais agradável, protegido e convidativo. Esse tipo de configuração aumenta a temperatura urbana, reduz o sombreamento e afasta as pessoas da vida ativa nas ruas.
Com uma cidade espraiada e desconectada, empreender aqui se torna uma missão árdua e de custos elevados. Quanto mais se espalham as edificações, maiores são os gastos com infraestrutura, repassados aos moradores e comerciantes. Essa realidade também inflaciona o preço dos produtos e serviços. Não por acaso, reclama-se tanto dos elevados preços em Palmas. Isso cria um ambiente hostil tanto para novos negócios quanto para jovens que procuram qualidade de vida e oportunidades em uma cidade economicamente viável.
Palmas, projetada como uma capital para o futuro, encontra-se em uma encruzilhada. Jovens cada vez mais percebem o vazio de espaços para convivência, enquanto lidam com um mercado restritivo e um alto custo de vida. Em outras cidades, a média de pessoas que caminham a pé nas ruas gira em torno de 30%. Em Palmas, não passa de 8%. Essa estatística revela algo absurdo, um reflexo não da falta de planejamento urbano, mas do excesso de regulamentação e de uma gestão pública que tem priorizado o trânsito de veículos em vez do bem-estar de seus habitantes.
Apesar de Palmas apresentar um crescimento populacional impressionante, com uma taxa de 5% ao ano, essa expansão é subaproveitada por uma política urbana que favorece apenas grandes especuladores e desestimula pequenos e médios empresários imobiliários. Ao invés de fomentar um ambiente em que o empreendedorismo seja incentivado, a cidade cria barreiras que tornam o desenvolvimento mais caro e restrito. Esse cenário passa longe dos princípios defendidos pelo liberalismo, que propõe um mercado livre e competitivo, e não um jogo desigual onde só os grandes jogadores têm espaço para crescer. Palmas precisa, urgentemente, rever essa política se quiser ver o verdadeiro potencial de seu crescimento transformado em um ambiente urbano dinâmico e acessível.
O pensamento corporativista, bem caracterizado pela frase “para os amigos do rei, tudo; para os demais, o rigor da lei”, está longe de ser algo defendido pela direita. Em Palmas, essa mentalidade cria uma barreira que prejudica os pequenos e médios empresários, favorecendo apenas os grandes especuladores, que se beneficiam de uma política urbana controladora e limitadora. Esse cenário, em que o poder público se coloca como parceiro de poucos, impede a cidade de crescer e se desenvolver de forma inclusiva e plural. Para que Palmas realmente prospere e aproveite seu potencial, é fundamental acabar com essas amarras e abrir espaço para um ambiente mais competitivo e justo, onde cada empreendedor, grande ou pequeno, tenha a chance de contribuir para uma cidade mais livre e próspera.
Palmas poderia ser um lugar onde se constrói mais do que estradas e edifícios; um lugar onde se investe nas pessoas, na economia local e em um urbanismo inclusivo. No entanto, o que temos é uma política pública burocrática, que, em vez de facilitar o surgimento de novas ideias e negócios, as asfixia com distâncias exageradas e tributos excessivos.
Se não ajustarmos o foco para o futuro, Palmas continuará a afastar os jovens, sufocar o empreendedorismo e ser um exemplo de como não planejar uma cidade.
Alex Andrew
Presidente da Juventude do Partido Novo TO