A crise do coronavírus gerou uma nova competição no mercado: a corrida para saber qual país irá receber primeiro a vacina para imunizar pacientes da covid-19. Nas últimas semanas, governos de Estados Unidos, Japão, China, além de potências europeias e o próprio Brasil deram novo passos para garantir o fornecimento de uma terapia de imunização para seus cidadãos.
O passo mais recente foi dado pelo Japão. Nesta sexta-feira (31), as farmacêuticas Pfizer e BioNTech anunciaram uma parceria para fornecer até 120 milhões de doses de uma vacina experimental, que está em sua terceira fase de testes, no mercado japonês durante o primeiro semestre de 2021. A expectativa é de que cada paciente receba duas doses da vacina. O valor do acordo entre as duas companhias não foi revelado.
Mesmo assim, o Japão ficou para trás. Isso porque os Estados Unidos já haviam feito um acordo semelhante com essas duas empresas para o fornecimento de doses para o mercado americano. Serão pagos 1,95 bilhões de dólares para a produção de 100 milhões de vacinas experimentais. Isso representa a capacidade total de produção de vacinas das duas empresas durante 2020.
O movimento japonês ocorre no mesmo dia em que o governo dos Estados Unidos anunciou um acordo com a Sanofi e a GlaxoSmithKline (GSK). A iniciativa faz parte da Operação Warp Speed, criada para acelerar o desenvolvimento de vacinas e tratamentos contra o coronavírus. Serão pagos 2,1 bilhões de dólares por 100 milhões de doses. O país também tem o dinheiro a encomendar com prioridade mais 500 milhões de doses da vacina do laboratório Moderna.
Na Europa, uma aliança formada por Alemanha, França, Itália e Holanda firmou um acordo com a AstraZeneca para a garantia do fornecimento de 300 milhões de doses da vacina contra o coronavírus à União Europeia. Segundo o Ministério da Saúde alemão, as doses “devem ser distribuídas a todos os Estados-membros que queiram participar, de acordo com o tamanho de sua população”.
O Brasil também já garantiu a reserva de doses da vacina. Um levantamento realizado pelo Quartz aponta que o governo brasileiro já teria 220 milhões de doses reservadas. Seriam 100 milhões de doses da vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica farmacêutica AstraZeneca e outras 120 milhões da chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
A reserva, porém, não indica que o país comprou as vacinas, como fizeram Estados Unidos e Japão. Para efeito de comparação, o levantamento informa que o mercado americano já reservou 1 milhão de doses da Pfizer e da BioNTech. O governo da Índia também tem 1 bilhão de doses reservadas do Serum Institute. A União Europeia, por sua vez, fez a reserva de 500 milhões de doses que seriam fornecidas pela Sanofi e pela Johnson & Johnson.
Esses números divergem dos primeiros exibidos nesta reportagem, com os acordos do governo americano com a Pfizer e a BioNTech, porque a pesquisa feita pelo Quartz leva em conta não apenas as primeiras doses que serão disponibilizadas aos países, mas o número total de doses que seriam disponibilizadas para cada país por ao longo dos próximos anos.
Em live realizada na quinta-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro demonstrou que aposta na vacina de Oxford e ironizou a terapia de imunização chinesa. “Nós entramos naquele consórcio de Oxford, e pelo que tudo indica vai dar certo e 100 milhões de unidades chegarão para nós. Não é daquele outro país, não”, disse. O mandatário não citou especificamente as vacinas chinesas, mas a referência é provável.
Desenvolvimento de vacina
Por enquanto ainda não existe nenhuma vacina pronta para ser utilizada em massa para o combate da doença que já infectou 17,3 milhões de pessoas no mundo e deixou 673.000 mortos até esta sexta-feira. O Brasil registra 2,6 milhões de casos e mais de 91 mil mortes.
Existem atualmente mais de 150 vacinas no mundo que estão sendo produzidas em uma tentativa de imunizar as pessoas contra o novo coronavírus. Dessas, mais de 20 já estão sendo testadas em humanos. Por ora, seis vacinas produzidas por quatro países diferentes saem e estão na última fase de testes clínicos.
Uma das principais candidatas é a vacina da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Os Estados Unidos trabalham com duas vacinas, uma produzida pela Moderna e outra pela Pfizer em parceria com a empresa alemã BioNTech. A China também tem duas vacinas em desenvolvimento produzidas pela Sinovac e pela Sinopharm – que já iniciou seus testes clínicos no Paraná.ASTRAZENECA
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