O vazio no coração de Palmas: como matamos nosso centro

O centro de Palmas é um cadáver urbano à noite, uma paisagem inóspita onde a vida se dissolve tão logo o comércio fecha as portas. É desolador, mas previsível. Para que o coração de uma cidade pulse, ele precisa de pessoas, e não apenas de consumidores que vêm, compram e partem. A ausência de residências no centro é o golpe mortal, consequência direta de um planejamento urbano que sufoca, ao invés de nutrir, a urbanidade.

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O problema do centro não é exclusivo de Palmas. Grandes capitais como São Paulo e Porto Alegre enfrentam desafios semelhantes, mas têm a desculpa do envelhecimento e da decadência natural que acompanha séculos de história. Palmas, em contrapartida, é jovem. Seu centro não está morrendo — ele nunca viveu de fato. O problema não é a idade, mas o mau planejamento: zoneamentos rígidos, exigências onerosas e uma mania centralizadora que tenta ditar como a cidade deve funcionar, em vez de permitir que ela floresça espontaneamente.

Quando se proíbe a construção de residências, quando se exige vagas de estacionamento desnecessárias e quando cada decisão precisa ser validada por um emaranhado de normas, o que sobra é o vazio. O planejamento de Palmas foi vítima do mesmo pecado que assola urbanistas centralizadores: a crença de que sabem melhor o que é bom para todos. A liberdade, essa força vital das cidades, foi sacrificada no altar do controle.

O resultado está aí, exposto para quem quiser ver. Sem moradores, não há demanda por serviços. Sem serviços, não há movimento. Sem movimento, o centro é condenado à morte lenta. Para vivificá-lo, não basta adicionar tinta fresca aos prédios ou plantar árvores. É preciso devolver a urbanidade que ele nunca teve.

Isso começa com um gesto radical: desregulamentar. Menos leis de afastamentos, menos exigências de vagas de estacionamento, mais liberdade para que construtores e empreendedores definam como e onde investir. Deixemos o mercado respirar. Não é apenas uma questão de economia, mas de vida. Como bem aponta Alain Bertaud, um dos grandes urbanistas contemporâneos, cidades vivas são aquelas que se desenvolvem de forma espontânea, e não aquelas presas ao jugo do planejamento centralizado.

Palmas tem um potencial imenso, mas está presa a um modelo que asfixia. Precisamos parar de culpar o mercado ou as construtoras por não investirem no centro e começar a olhar para o verdadeiro culpado: o arcabouço de leis e regulamentos que tornam impossível que ele floresça.

A cidade que prometia ser a capital do futuro está se tornando a capital do vazio. E, ironicamente, a solução para esse problema não é mais controle, mas mais liberdade. Que tenhamos a coragem de libertar Palmas das amarras que a sufocam, para que, um dia, o centro possa finalmente viver.

 

Alex Andrew

Presidente da Juventude do Partido NOVO-TO

@eualexandrew