O Brasil da estética vulgar e do caráter roto

Vivemos tempos de vulgaridade estética e degradação ética. Entre “fuck yous” proferidos com aplausos e risadas de plateias regredidas, somos um país que celebra o despudor de suas lideranças como se fosse algo admirável. Não é. É apenas um reflexo do caráter roto que se tornou nossa marca. A frase não foi direcionada a mim, mas ao próprio tecido moral que deveria sustentar a vida pública.

Enquanto os regentes de Brasília se perdem na retórica vulgar, o reflexo desse comportamento se espalha por cada canto do país. Praças abandonadas, ruas malcuidadas, lideranças que não entregam sequer o básico. Viajamos de norte a sul e vemos o mesmo descaso. Seja nas capitais com monumentos apagados pela negligência, seja no interior onde a infraestrutura parece existir apenas no papel. A negligência é nosso denominador comum.

Burke nos lembra que “a sociedade é um contrato entre os vivos, os mortos e os que ainda não nasceram”. É aqui que o problema se agrava: rompemos esse contrato. O futuro é devorado no presente, enquanto nos escondemos atrás de discursos sobre “esperança” e “mudança”. Não há comprometimento com o que ainda virá. As cidades crescem desordenadas, os recursos públicos são dilapidados, e a dignidade do cidadão é negligenciada sob uma fina camada de promessas vazias.

A tragédia maior, no entanto, é que aceitamos isso. Somos espectadores passivos da mediocridade, celebrando lideranças cuja única virtude é a habilidade de se autopromover. Como Pondé aponta, “o Estado é infinitamente mais perigoso do que uma plataforma”. Isso vale para Brasília, para as prefeituras e, sobretudo, para a mentalidade que perpetuamos: a crença de que basta eleger um “menos pior” para que as coisas se ajeitem.

Não há salvação mágica. Não há políticos messiânicos. A reconstrução começa quando retomarmos a responsabilidade individual e exigirmos coerência coletiva. Bento XVI nos advertiu sobre o relativismo moral, e não é à toa: a verdade foi deixada de lado em nome de conveniências temporárias. A virtude que deveria ser silenciosa e fundamentada em ações se tornou slogan de marketing.

Enquanto celebrarmos a vulgaridade como mérito e nos conformarmos com o pouco, continuaremos como estamos: um país de plateias regredidas, liderado por delinquentes elegantes no discurso, mas desprezíveis no caráter. Seja no Tocantins, em São Paulo ou em qualquer outra parte do Brasil, o diagnóstico é o mesmo. A pergunta que resta é: até quando suportaremos isso antes de buscarmos algo realmente diferente?

Alex Andrew
Presidente da Juventude do Partido NOVO TO