Nove entre cada dez brasileiros querem receber a vacina contra a covid-19 assim que ela estiver disponível. O que me interessa, contudo, é entender o que passa pela cabeça dos 9% que não a tomariam, de acordo com pesquisa Datafolha. Se a única vacina que estivesse em curso de ser viabilizada fosse o produto russo, que peca por uma profunda falta de transparência sobre os dados das primeiras etapas de teste e, portanto, dos efeitos colaterais e toxicidade, vá lá.
Considerando que há várias outras que seguem os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS), imagina-se que as razões sejam outras. Pode ser que uma parte dos 9%, por ter contraído a doença, acredite que está imunizada, no que pese médicos e cientistas apontarem que um resultado positivo não significa a existência de anticorpos eficazes.
Há, claro, simpatizantes do movimento antivacina no Brasil, que acreditam que elas são um mecanismo das grandes corporações para dominar nossas mentes (posição costumeiramente encontrada à direita) ou arrancar dinheiro do Estado, oferecendo produtos desnecessários (visão mais comum à esquerda).
Uma coisa é desconfiar da indústria farmacêutica —que já provou que merece isso. Outra é ser contra um processo de proteção coletiva que precisa de uma alta taxa de adesão para funcionar, considerando que a própria eficácia de uma vacina não será de 100%.
Intriga o fato que os números da pesquisa são semelhantes aos de outro levantamento do Datafolha, de julho do ano passado, que perguntou .