A cidade mais antiga do Tocantins completa neste dia 1º de junho seus 286 anos de criação, data que também é lembrada pelos 116 anos de realização da Festa do Divino Espírito Santo. É um ano atípico para uma comunidade que tem como característica as comemorações festivas. Mesmo sem programação oficial, há muito o que contar sobre Natividade.
O surgimento de Natividade remonta às origens do Tocantins e ao ciclo do ouro, quando os bandeirantes enfrentaram a resistência dos índios Xavantes e ocuparam a região Norte de Goiás, por volta de 1734, dando origem ao primeiro povoamento da região, São Luiz, nome logo depois alterado em honra a Nossa Senhora de Natividade, padroeira do Estado e do município. Entre 1809 e 1815 foi sede do “governo do Norte”, quando a capitania foi dividida. Em 1831 foi elevada à categoria de vila.
As relações entre colonizadores, escravos, mineiros, sertanistas, missionários e
criadores de gado resultaram no sítio histórico reconhecido como Patrimônio Nacional dede 1984. O casario com cerca de 250 prédios coloniais e igrejas preservadas entre ruas irregulares e muros de pedra construídos por escravos guardam a memória do Tocantins colonial.
Entre as igrejas destacam-se a de São Benedito e a Matriz de Nossa Senhora da
Natividade, de 1759. Os negros também ergueram a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída em pedra canga. A obra, inacabada, foi iniciada no século 18 e paralisada por volta de 1817, sendo hoje um dos destaques do centro histórico.
Natividade também se destaca pela preservação de seus bens culturais, como os Festejos do Divino Espírito Santo; a suça, dança típica da região Sudeste do Estado; a culinária tradicional, marcada por biscoitos como o Amor Perfeito e os licores, e a preservação do trabalho de ourivesaria em filigrana, técnica herdada dos portugueses. O turismo religioso é um dos destaques do município, conhecido principalmente pela Romaria do Senhor do Bonfim.
Localizada na região turística das Serras Gerais, Natividade também atrai turistas em busca de natureza. O ecoturismo é propiciado por trilhas, rios e cachoeiras. O Complexo Cachoeira do Paraíso é um dos mais belos atrativos. Os visitantes têm ainda como opções de banho o poço do Purgatório, a cachoeira do Amor e as piscinas naturais dos Poções e Moinho, onde ocorria a lavagem do ouro. Já a caminhada pela trilha de 6 km até o alto da Serra de Natividade e Olhos D’Água leva o visitante às ruínas da povoação original, conhecido como Arraial de São Luiz, além da contemplação da natureza rica em diversidade da fauna e flora.
“Natividade nos remete às origens da ocupação da região que hoje compreende o Tocantins, é símbolo da nossa história e da religiosidade, por meio das festividades tradicionais católicas e da Dona Romana. Trabalhar pela preservação física e cultural da cidade, assim como pelo bem estar do povo nativitano é uma das missões dadas à Adetuc pelo governador Mauro Carlesse”, ressalta o secretário da Indústria, Comércio e Serviços (Sics) e presidente da Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa, Tom Lyra.
Mulheres Criativas
A ourivesaria nativitana integra o projeto Mulheres Criativas do Jalapão: tecendo negócios sustentáveis, proposto pela Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc) ao ‘Projeto de Inclusão Socioprodutiva’ (PIS), da Fundação Banco do Brasil. A ideia é unir estas duas riquezas do artesanato tocantinense, o capim dourado e a filigrana, na produção de biojoias únicas que promoverão uma maior abertura ao mercado nacional e internacional. As capacitações terão início após a assinatura do contrato.