A pandemia e o aumento do comércio eletrônico pressionaram toda a cadeia logística – incluindo os trabalhadores dos Correios. Com aumento da demanda e sem medidas adequadas de proteção e higiene, cerca de 100.000 funcionários da estatal acabaram de decretar greve.
A greve deve afetar as entregas no comércio eletrônico, já que a estatal é uma das maiores operadoras logísticas para as compras virtuais. As gigantes varejistas, no entanto, desenvolveram nos últimos anos sua própria estrutura logística, com integração com suas lojas físicas, dezenas de centros de distribuição em vários estados e até suas próprias startups e transportadoras. Como as empresas migraram para outras categorias de produtos além dos eletrodomésticos, como moda e alimentos e bebidas, ter uma estrutura ágil é essencial.
Mais recentemente, passaram a realizar essa logística também para seus parceiros de marketplace, serviço que se intensificou com a pandemia – afinal, dezenas de milhares de pequenos lojistas se voltaram às grandes plataformas para vender, com o fechamento temporário de suas lojas físicas. Essa estrutura aumenta a eficiência das varejistas e permite realizar entregas em uma fração do tempo.
Magazine Luiza
Em função dos novos hábitos de consumo durante a pandemia, o comércio eletrônico formal brasileiro cresceu 70,4% no segundo trimestre, segundo o E-bit. No Magazine Luiza, o comércio eletrônico cresceu 182%, atingindo 6,7 bilhões de reais e 78% das vendas totais no trimestre.
Com o fechamento do comércio, o Magazine Luiza reforçou sua estratégia de envios de produtos a partir das lojas. Com essa modalidade, cerca de 35% das entregas totais passaram a ser realizadas em até 24 horas. Para entregar os produtos de mercado, uma das categorias de maior destaque no trimestre, mais de 700 das 1.100 lojas físicas foram convertidas em pequenos estoques para essa categoria.
O parceiro de entrega, a startup Logbee adquirida há dois anos, recolhe então esses produtos nas lojas para levar às casas dos consumidores.A Malha Luiza cresceu e passou a reunir 4.000 micro transportadores e motoristas da Logbee.
Mercado Livre
O Mercado Livre, empresa mais valiosa da América Latina, chegou a 5 bilhões de dólares em produtos vendidos no segundo trimestre do ano. A rede gerenciada pela companhia em todos os países foi parte central para o crescimento do negócio de comércio eletrônico e para a capacidade de lidar com o aumento da demanda na pandemia, diz a empresa em sua divulgação de resultados. Dessa forma, o Mercado Envios enviou 157,5 milhões de itens no trimestre sem grandes problemas, alta de 124% em relação ao mesmo período do ano passado. No Brasil, a companhia abriu 18 centros de sortimento, totalizando mais de 35.
A maior parte dos itens são pagos pelo Mercado Envios, que tem uma ferramenta para cálculo e pagamento do frete e que no Brasil trabalha em parceria com os Correios. A participação do Envios é de 96% nas entregas por aqui – no total, a fatia é de 80%.
Mais do que fazer a logística de suas próprias entregas, as empresas estão oferecendo esse serviço também para os vendedores em suas plataformas de marketplace – gerenciando os estoques e envios a partir de seus próprios centros de distribuição. No Mercado Livre, empresa puramente voltada ao marketplace, esse serviço chegou a 17% do total de envios no Brasil – chegando a 20% até o final de junho. Como consequência, as entregas no mesmo dia e no dia seguinte melhoraram. Além das agências de Correio, o Mercado Livre tem 1.300 lugares em que os vendedores podem depositar as suas encomendas.Veja também