Nos últimos tempos, muito se tem discutido sobre a possível regulação das mídias sociais como resposta à desinformação e à proliferação de conteúdos ditos prejudiciais. A proposta surge com a ideia de que, ao regularmos o ambiente digital, poderíamos torná-lo mais “saudável” e seguro. Mas será que essa é realmente a solução?
A regulação das redes sociais carrega um risco profundo: a expansão do controle estatal sobre o que é dito e compartilhado nesses espaços. Em última instância, abriríamos a porta para o que pode ser um dos maiores perigos para a sociedade livre – o controle governamental sobre a circulação de ideias. Esse ambiente, em que o Estado define o que é aceitável, subjugaria a voz individual ao poder de quem dita as diretrizes.
Durante uma aula de Sociologia Urbana, recentemente, discutimos como as redes sociais impactam nossa vida cotidiana. E não sou só eu quem vê esse impacto; o filósofo Luiz Felipe Pondé, por exemplo, observa essa dinâmica e o papel das redes no laboratório de comunicação da PUC-SP. Ele destaca como essas plataformas, ao darem voz a quem por muito tempo se sentiu invisível, descentralizam o poder da comunicação. Hoje, qualquer pessoa pode se tornar comunicadora e transmitir sua perspectiva ao mundo – e isso assusta certas elites que antes detinham o poder de definir o que era válido.
Esse fenômeno, porém, exige um novo tipo de responsabilidade: a seleção de informações. Em sua análise da sociedade pós-moderna, o sociólogo Zygmunt Bauman discute como vivemos em uma “modernidade líquida” – uma era de constantes mudanças, incertezas e de pouca solidez em nossas referências. Nesse cenário, as redes sociais ampliam ainda mais a “liquidez” da vida contemporânea, criando um espaço em que as certezas se desfazem e o excesso de informação gera insegurança e ansiedade. A ideia de regular as redes, portanto, revela o incômodo das elites e de quem tem dificuldade em lidar com essa nova fluidez. Em vez de “consertar” os ruídos das redes com controle, Bauman sugere a necessidade de adaptação ao pluralismo e à complexidade, sem que o Estado interfira na multiplicidade de vozes.
A democratização da fala, com todos os seus ruídos, representa a própria essência da democracia. E, por mais que a democracia seja imperfeita, é o menos pior dos sistemas, e deve tolerar a dissonância. Se esse “excesso de democracia” incomoda certos grupos, é porque a liberdade de expressão está funcionando.
Assim, a ideia de regular as redes como solução à desinformação não é, na verdade, uma questão de “saúde pública”, mas de controle. Defender a regulação das mídias sociais parece ser uma postura de quem deseja reprimir pensamentos divergentes, caracterizando uma mentalidade de controle que, em sua essência, é autoritária. Em vez de limitar, deveríamos investir na educação para que as pessoas possam discernir informações com responsabilidade, preservando a liberdade de expressão como um valor fundamental e inegociável.
Alex Andrew
Presidente da Juventude do Partido Novo TO
@eualexandrew
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