Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas renomado dos Estados Unidos, alertou o Congresso nesta terça-feira que uma suspensão prematura dos isolamentos pode provocar surtos adicionais do coronavírus, que já matou 80 mil norte-americanos e colocou a economia de joelhos.
Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, disse a um comitê do Senado dos EUA que os Estados deveriam seguir as recomendações dos especialistas de saúde para esperar sinais, como um declínio no número de infecções novas, antes de reabrirem.
O presidente Donald Trump vem incentivando os Estados a encerrarem um fechamento de semanas de setores importantes de suas economias, mas os senadores ouviram uma avaliação contundente de Fauci quando este foi indagado pelos democratas a respeito de uma reabertura prematura da economia.
“Existe um risco real de você desencadear um surto que não pode controlar e que, de fato paradoxalmente, causará um retrocesso, não somente levando a algum sofrimento e mortes que poderiam ser evitados, mas podendo até causar um retrocesso no caminho para se tentar uma recuperação econômica”, disse Fauci.
A Covid-19, a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, já infectou mais de 1,3 milhão de norte-americanos e matou mais de 80.600.
Fauci, membro da força-tarefa anticoronavírus de Trump, disse ao Comitê de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões do Senado que os esforços da nação para enfrentar o vírus mortal e a doença que ele desencadeia deveriam “se concentrar nas práticas de saúde pública comprovadas de contenção e mitigação”.
Fauci, de 79 anos, depôs remotamente em uma sala repleta de livros. Ele está em quarentena porque pode ter tido contato com qualquer um dos dois membros da equipe da Casa Branca que foram diagnosticados com Covid-19. Ele observou que pode ir à Casa Branca se for necessário.
Na semana passada, a Casa Branca o impediu de depor a um comitê da Câmara dos Deputados de maioria democrata, dizendo que tal depoimento seria “contraproducente”.
“Todos os caminhos de volta ao trabalho e de volta à escola passam pelos exames, e o que nosso país fez até agora em termos de exames é impressionante, mas nem perto do suficiente”, disse Lamar Alexander, presidente republicano do comitê do Senado, em um pronunciamento inicial da audiência desta terça-feira —que ele comandou virtualmente por também estar cumprindo uma quarentena de 14 dias no Tennessee, já que um membro de sua equipe teve um diagnóstico de exame positivo.