Quando a pandemia do novo coronavírus começou a se espalhar pelo Brasil, no fim de março, a gráfica digital Printi sabia que seria brutalmente impactada. Com o isolamento social que forçou metade da população brasileira a ficar em casa e o fechamento do comércio, materiais de escritório, cartões de visita, peças de publicidade e demais itens impressos — símbolos concretos do mundo físico — foram sendo substituído na marra por opções digitais.
Em meio ao desafio do momento para o modelo de negócio, a empresa transformou, em um mês, parte de sua linha de produção para fabricar máscaras de TNT. Um terço do parque gráfico de mais de 5.000 metros quadrados em Barueri (SP) deve ficar concentrado nessa frente nas próximas semanas, diz o diretor-geral Hugo Rodrigues.
Os itens começaram a ser vendidos no site da Printi na semana passada, e podem ser comprados mesmo por clientes pessoas físicas a partir de 2,08 reais. Os clientes corporativos que fazem grandes pedidos também são um dos focos das vendas, enquanto outra parte será doada em parceria com empresas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), que antes recomendava máscaras somente para pessoas com suspeita de infecção pela covid-19, passou a recomendar que todos os cidadãos circulem com a proteção. No Brasil, governos de vários estados vêm adotando obrigatoriedade de uso de máscara para circulação em alguns ou todos os locais públicos. Em São Paulo, onde fica a sede da Printi, máscaras passam a ser obrigatórias em locais públicos a partir desta quinta-feira, 7.
As máscaras de TNT são descartáveis, ao contrário das feitas de algodão ou de pano. Mas testes classificam o TNT como um dos melhores materiais para a confecção de máscaras. O material já era usado para a confecção de máscaras cirúrgicas, isto é, as máscaras mais simples usadas em hospitais — diferentes das máscaras N95, mais complexas e em falta no mercado, que devem ser destinadas sobretudo a profissionais de saúde na linha de frente. Em testes da Universidade de São Paulo (USP), o TNT com folha dupla apresentou retenção de 97% das partículas, ante cerca de 60% ou 70% de máscaras de algodão. Por repelir mais a água, o material também impede maior umidificação da máscara.