O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira, 21, em reunião com governadores, sanção ao projeto de auxílio de 60 bilhões de reais a Estados e municípios.
Durante a reunião, da qual também participaram os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente pediu apoio aos governadores ao veto referente ao aumento para servidores públicos.
De acordo com Bolsonaro, congelar reajustes na remuneração de todos os servidores públicos até o fim do não que vem é o “remédio menos amargo” para o funcionalismo, “mas de extrema importância para todos os 210 milhões de brasileiros”.
O encontro durou cerca de 50 minutos e contou com a reunião dos chefes estaduais, além dos ministros: Paulo Guedes (Economia), Fernando Azevedo (Defesa), Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral).
Na reunião, maioria dos 27 governadores pediram o veto à possibilidade de reajuste salarial a categorias de servidores públicos, corroborando a intenção do governo federal de não manter a autorização aprovada pelo Congresso.
“Pós pandemia”
No encontro, o presidente da Câmara afirmou que o “pós-crise” do coronavírus vai implicar mudanças na reforma administrativa, discutida no início do ano. Segundo ele, a reforma deverá ser pensada “não só do ponto de vista da economia, mas da qualidade do gasto público”.
“No pós-pandemia teremos uma nova realidade e uma necessidade de reorganização do Estado brasileiro também em outro patamar. Quem pensava uma reforma administrativa antes dessa pandemia com uma relação dívida/PIB de 70%, agora vai ter que pensar uma relação dívida/PIB com 100%”, disse.
O deputado pregou a união dos entes da federação no combate à covid-19 para embasar o momento pós-crise. “A união de todos no enfrentamento da crise vai criar, com certeza, as melhores condições para que no segundo momento, no pós-pandemia, possamos tratar da recuperação econômica”, afirmou.
Maia citou ainda que, após a crise, o país deve focar a aprovação de marcos regulatórios de vários setores, começando pelo do saneamento, para garantir o investimento e retomada da economia.
Já Alcolumbre afirmou que o país terá, após a pandemia do coronavírus, muito mais desigualdade do que tinha antes, ressaltando que essa é uma crise sem precedentes e no futuro as autoridades serão cobradas pelas atitudes que tomarem.
Para ele, apesar do que muitos pensam ou falam, não há divisão entre Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, mas que chegou a hora de todos darem as mãos e levantarem a bandeira branca.
Críticas
A reunião aconteceu em uma clima de cordialidade entre o presidente e os governadores, apesar dos atritos e das críticas duras que Bolsonaro faz aos chefe dos Executivos estaduais por causa de medidas de isolamento social para frear a disseminação do coronavírus.
Embora o distanciamento social não tenha sido tema da reunião, nesta manhã, pouco antes do encontro, Bolsonaro criticou os governantes estaduais em comentários feitos a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
Depois de ouvir de um apoiador que policiais teriam obrigado participantes de uma carreata em Fortaleza a tirar bandeiras do Brasil de seus carros — o que foi negado pela Polícia Militar local — Bolsonaro disse aos presentes que o país precisa “sentir na pele” quem são os governadores.
“O que está acontecendo? Tudo é informação… Você tem que tomar conhecimento do que está acontecendo, mais gente, para entender para onde o Brasil estava indo com essas pessoas. O grande recado é esse”, disse.
“Imaginem uma pessoa do nível dessas autoridades estaduais na Presidência da República, o que teria acontecido com o Brasil já. Esse é o recado. Então vocês vão ter que sentir um pouco mais na pele quem são essas pessoas para, juntos, a gente mudar o Brasil. Mudar, à luz da Constituição, da lei, da ordem.”
Em seguida, um outro apoiador criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e comentou que não é Bolsonaro quem pede “intervenção militar”, mas “o povo de São Paulo”.
O presidente não rechaçou o comentário, mas disse que não iria responder.
“Eu não vou responder, alguém vai falar que eu sou contra ou a favor, eu não vou responder o teu questionamento”, disse.NOTÍCIAS SOBRE