O advogado Frederick Wassef virou figura conhecida do Brasil na semana passada, quando Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, foi encontrado numa casa que pertence a ele, em Atibaia, interior de São Paulo. Wassef dizia ser também advogado do presidente Jair Bolsonaro, e era figura fácil nas cerimônias do Planalto e no Palácio da Alvorada, residência do presidente.
Nas entrevistas que concedeu após a prisão de Queiroz, na quinta-feira passada, Wassef não explicou o que Queiroz estava fazendo em um de suas propriedades. Ontem, o Jornal Nacional divulgou reportagens que contradizem o advogado, que dizia não conhecer Queiroz. Segundo o JN, Queiroz e Wassef foram vistos juntos em um hotel e em um restaurante, ano passado. O jornal Folha de S. Paulo, por sua vez, revelou que Queiroz teria se hospedado também num apartamento de Wassef, no Guarujá, litoral de São Paulo.
Agora, nesta sexta-feira, a revista Veja traz uma nova revelação sobre o porquê de Wassef dar guarida ao ex-assessor de Flávio Bolsonaro, acusado de coordenar um esquema de rachadinha em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Segundo a Veja, Wassef diz que escondeu Queiroz porque ele estava “jurado de morte” por “forças ocultas”. “O MP e a Justiça do Rio deveriam me agradecer por proteger uma testemunha importante”, diz.
Wassef voltou a afirmar que não é o “Anjo” citado na troca de conversas entre Queiroz e seus familiares, e que fez tudo sozinho — o presidente Bolsonaro não saberia sobre o refúgio ao ex-policial. Diz ainda que, após a prisão, conversou com o presidente e o senador, explicou suas razões, pediu desculpas pelo “erro”, mas diz ter agido para “protegê-los”.
Também nesta sexta-feira uma pesquisa Datafolha mostra que 64% dos entrevistados diz que Bolsonaro sabia onde Fabrício Queiroz estava. A trama se complicou. As investigações vão mostrar se Wassef está ou não falando a verdade.